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segunda-feira, junho 03, 2013

Pequena mas muito incorrecta reflexão, e consequente decisão.

A manifestação de sábado foi um poderoso fiasco nacional.

Pode haver mil argumentos que o justifiquem, mas quando eu estava ali na Avenida da República, frente ao FMI, numa tarde de sol, com mais umas mil pessoas pensei:

- Onde estarão as dezenas de milhares de desempregados, aqueles sem futuro que são velhos para trabalhar e novos para a reforma?
- Onde estarão as dezenas de milhares de jovens que ainda não conseguiram um primeiro emprego?
- Onde estarão as dezenas de milhares de trintões que nunca foram mais que precários?
- Onde estarão as dezenas de milhares de reformados a viver uma asfixia mensal?
- Onde estarão os milhares de casais em que ambos estão desempregados?

Não sei. Só sei que ali não estavam.

Talvez tivessem ido à praia, que o dia, finalmente, estava bom; ou levaram os meninos ao parque porque era o dia da criança.

Mas ali não estavam.

A pergunta seguinte foi inevitável: e tu, que não vives nenhuma dessas situações, que estás tu aqui a fazer?
Devo ter vindo por uma questão de consciência, pensei.

Mas aí a dita, a consciência, percebeu que estava ofendida com as outras consciências, e decidiu, ali mesmo, que enquanto não lhe passar a zanga não carrega o esqueleto para mais nenhuma manifestação.

Moral desta história imoral:

Não foi por acaso que, aqui, a ditadura, durou 48 anos.
Foi porque somos um povo que a tudo se acomoda.