No sábado passado, voltou às origens e às camisolas de malha
da Ti’ Maria, que lhe eram oferecidas no Natal e na Páscoa, e davam um jeitaço
porque eram quentinhas e coloridas e tricotadas com amor e passavam de tronco
para tronco.
Eram bons tempos, na perspetiva do Raposo, e estão de volta,
com a graça de deus.
Então ter as tias todas a tricotar furiosamente para os
ganapos ali à volta da braseira não é um ideal para o século XXI, para a
refundação da família cristã e do próprio país?
Se o Henrique fosse um pouco mais velho ainda se havia de
lembrar, com prazer, dum texto do livro único do Salazar para a escola
primária.
Mas eu conto: era uma vez um menino mau que foi aos ninhos e
rasgou as suas únicas calças. A irmã, depois de o admoestar por tão feia acção,
e para que a mãe não percebesse, pegou na agulha, não a de tricotar da Ti’ Maria,
mas a outra, a de coser, e arranjou as calças na perfeição. O texto terminava
dizendo: “Que lindas que são as meninas que sabem costurar”.
Ó Henrique, caraças, isso é que eram bons tempos. Já viu só,
se conseguisse juntar a Ti’ Maria a tricotar e a mana a coser para si? Era o
paraíso na terra.
Porcaria de país este, que meteu na cabeça que havia de ir à
Benetton comprar malhas.
Mas os “ontem que cantam” na cabeça do Henrique são um
verdadeiro farol para o futuro do país.