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segunda-feira, janeiro 19, 2015

Ler romances


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ler romances é um prazer profundo e singular, uma actividade humana absorvente e misteriosa que não exige nem mais nem menos justificação moral ou política do que o sexo.”

Philip Roth
Entrevistas da Paris Review
Ed Tinta da China, 2014

quarta-feira, setembro 24, 2014

10 LIVROS QUE NÂO MUDARAM EM NADA A MINHA VIDA















 
 
 
O Facebook tem a mania das “correntes”. Agora voltou a dos dez livros que mudaram a minha vida. Uma amiga, porém, fez uma coisa bem mais interessante – A LISTA DOS 10 LIVROS QUE NÂO MUDARAM EM NADA A MINHA VIDA.

Desafiei-me.

Alguns deles serão sempre maus, mas outros devem ser bons, já que tanta gente “encartada” acha que o são.

Talvez os tenha começado num momento que requeria outra coisa, talvez não tenham conseguido agarrar-me logo de início, talvez eu já (estupidamente) tivesse contra eles um parti-pris desconhecido, talvez as minhas celulazinhas cinzentas não cheguem para tanto, talvez.

As razões do desamor, em alguns casos, continuam vagas mas, pensando melhor, se calhar, e enquanto os lia, eles até mudaram a minha vida, sim senhor, mas para pior.

E os nomeados são:

O Código de Da Vinci − Dan Brown (um mero policial de segunda).

Sei Lá − Margarida Rebelo Pinto (sei lá por que é que se lê aquilo).

As Valquírias − Paulo Coelho (oferecido num Natal, foi o único que entrou cá em casa, e chegou).

O Segredo (não cheguei a meio, mas gostei que a senhora tivesse enriquecido).

Viver para contá-la − Gabriel Garcia Marquez (não estava interessada na vida dele; só pode ter sido isso).

Uma Viagem à Índia − Gonçalo M. Tavares (deu-lhe para ser pretensioso).

Adoecer − Hélia Correia (uma doença, essa de teimar em ler aquilo).

Os Detetives Selvagens − Roberto Bolaño (escrita ao quilómetro; pena que não lhe tivessem tirado o livro das mãos às 250 páginas, ou 300, vá. Agora 500…).

Austerlitz − W. G. Sebald (não faz o meu género; gosto mais de dicionários).

Hotel − Paulo Varela Gomes (li até ao fim, e fiquei a achar que o Paulo tem montes de amigos aqui no pedaço; ainda bem para ele).

Como meter uma citação no texto fica sempre bem, lá vai para terminar:
"Não sabemos se a literatura está em crise, mas a crise do juízo literário salta à vista."

Disse-o o escritor Enrique Vila-Matas e, se calhar, é carapuça para eu enfiar, até porque deixei de fora, por falta de espaço, quase todo o Lobo Antunes e também … Enrique Vila-Matas!!!
Que atrevimento!

 

 

terça-feira, abril 01, 2014

O livro, a leitura, os escravos de ontem e de hoje












 
 
 
 
 
 
 
Uma criança pergunta ao seu avô:
- Porque começas todas as histórias por “era uma vez”?
- Para ter a certeza – disse o avô – de não me enganar nas datas.
(Recolhido por Jean-Claude Carrière)

 
1. Era uma vez, pois bem.

Em alguns países, em tempos não muito antigos, entre os castigos mais violentos estava este: quando algum escravo era apanhado a aprender a ler, era chicoteado dezenas de vezes. Um castigo muitíssimo severo. Ler era mais grave do que roubar.

Começar a ler era como começar a preparara a fuga. Começar a preparar a vontade de fuga, a necessidade de fuga. Eis o mais perigoso. Aprender a ler era como treinar os músculos da perna da fuga ou como treinar a disparar a arma que ameaçará o dono.

Eis, pois, o perigo – o livro. Objecto que era sempre colocado longe dos escravos (como se fosse uma arma, precisamente).

Aprender a ler era para levar a sério, era uma forma de contestação. Não era uma atividade de crianças. Era uma atividade que anunciava um homem forte.
Era, pois, para começar, uma possível definição de livro: um objecto que tem a potência de libertar da escravidão.

Gonçalo M. Tavares
Catálogo da exposição “Tarefas Infinitas”, FCG, 1012

 
Notícia dos modernos escravos que não quiseram aprender a ler:

"Em Marselha, Stéphane Ravier da Frente Nacional, foi eleito com votos de magrebinos, a população desprezada pela Frente Nacional."
Público, 31 Março 2014

 
Imagem: peça de Fernanda Fragateiro (1962), Estante e colecção de livros de autores que se suicidaram, 2000, exposta na mesma exposição “Tarefas Infinitas”, FCG, 1012


 

terça-feira, dezembro 06, 2011

Ninguém lê?

O pessoal anda muito saudoso. De tudo.
Dantes isto, dantes aquilo, agora assim e agora assado, ficando o agora sempre muito mal na fotografia.

É certo que em tempo de crise e com fracas perspectivas de futuro há mais tendência para olhar para o passado, e também é certo que o país vive não só a crise económica e financeira mas também uma crise moral e dos chamados valores.

Daí até glorificar o passado como se ele tivesse sido uma orgia (sem pecado) de bem-estar e sapiência e hoje estivéssemos rodeados apenas de mediocridade, vai uma distância que não quero percorrer.
Não, não vou por aí, até porque acho que o presente, apesar de tudo, é infinitamente melhor que o passado que conheci.

Vem isto a propósito da recorrente cantilena - os portugueses não lêem.
Como frequentadora de livrarias, quando lá vou tenho sempre vontade (mas só vontade) de trazer uma meia dúzia de livros novos (ou reeditados)
Segundo os dados da APEL, em 2010 publicaram-se 17 329 livros e outras publicações não periódicas, e a mim parece-me que se publica muitíssimo para um país que, como se diz, não lê.

Se ninguém os lê, então para que se publicam? É para dar uso à guilhotina? As editoras nascem especificamente para perderem dinheiro?
E porque se meteu Paes do Amaral no mundo da edição com a sua Leya e Paulo Teixeira Pinto com a sua Babel? É para estafarem o seu dinheirinho? É por amor desinteressado à cultura? Não me parece.

Acho que se lê, sim, e estou a falar só de livros, porque quem mo diz é o sempiterno MERCADO.
Podia ler-se mais e melhor? Podia, e era desejável.
Mas, por acaso, nem mais nem melhor são o contrário de nada.