Se o jornalista o diz tão bem...
"...A criação de
uma nova plataforma política surge assim como o gesto natural e necessário para
defender posições que possam ser adoptadas pelo povo de esquerda em geral, que
possam ser propostas aos outros partidos e que possam mobilizar os muitos
abstencionistas de esquerda. Um novo partido pode roubar votos aos existentes?
Pode, mas isso dependerá das propostas que apresentar e da vontade dos
eleitores. É importante ter em conta que os eleitores, mesmo quando votam num
partido, não são sua propriedade e não podem ser “roubados” por outro partido.
Os eleitores deslocam livremente os seus votos, segundo a sua vontade. Se um
partido capta eleitores de outro, tem toda a legitimidade para o fazer e tem,
provavelmente, mérito. Mas, o que é mais importante, é que o novo partido
também pode recuperar para a política e para o voto muitos desiludidos da
esquerda e até atrair eleitores de outras áreas políticas.
A propósito
das críticas (algumas soezes) que o anúncio da criação do Livre suscitou seria
importante que os cidadãos de esquerda tivessem presente que criar um partido é
algo fundamental numa democracia e um gesto de generosidade cívica. E lembrar
que ninguém está obrigado a concordar, a aderir ou a votar no novo partido.
Dizer, a propósito da criação de um novo partido de esquerda, que os seus
criadores só querem tachos e são oportunistas apenas reproduz o discurso
populista antipolítica e antipolíticos que alimenta a abstenção, que alegra a
direita tecnocrática e que tem dificultado o apoio popular a um projecto
político diferente."