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segunda-feira, setembro 09, 2013

Atendíveis, pois claro

No seu artigo de sexta-feira passada no Público, José Manuel Fernandes disseca longamente o chumbo do Tribunal Constitucional quanto à “requalificação” dos funcionários públicos.

Há uma chamada na página em que se pode ler:
Os juízes chegam ao ponto de dizer que as razões orçamentais não são atendíveis, como se o Palácio Ratton fosse a nova Casa da Moeda”.

Eu, que nunca tinha pensado nisso, percebo agora que as razões orçamentais têm mesmo que ser atendíveis pelo TC.

Não as constitucionais, como eu erradamente pensava até sexta-feira passada, mas as orçamentais, como ensina o Fernandes.

Assim, depois de JMF me ter derramado luz sobre este assunto, posso afirmar que, hoje, até já me parece que podíamos dispensar o Secretário de Estado do Orçamento e substituí-lo pelo Tribunal Constitucional, (13 marmanjos e marmanjas vestidos de preto que andam pelo Ratton com quase nada para fazer, e que ainda por cima gozam férias e tudo).

Este homem, o Fernandes, é que é um génio, mas está visto que o país continua a desperdiçar talentos.
Devia emigrar!

segunda-feira, outubro 24, 2011

Homessa! Também vou escrever uma carta aos filhos.

Queridos filhos
Primeiro foi o Miguel Sousa Tavares e depois o José Manuel Fernandes.
Parece que agora está na moda escrever cartas aos filhos nos jornais. Como sabem, modismos é comigo mesma, e pensei - homessa, filhos meus não são menos que filhos deles. Por isso aqui estou com a cartinha a que tendes direito.
Confesso-vos que li o MST nas quanto ao JMF só dei uma olhadela - temo distúrbios gastrointestinais que se podem seguir à leitura.

Leitora medrosa, portanto, ficaram-me duas afirmações lapidares do JMF:
1-“Neste país não há profissões: há posições”
Depois de muito matutar conclui o mesmo que sempre achei: vocês dois, meus filhos, têm profissões; quem tem, e teve, e se calhar terá, posições, é JMF.
2- “A muitos da minha geração só lhes resta saírem da frente”.
De acordo, desde que ele seja o primeiro a sair-me da frente.
Contra as terríveis análises que fazem sobre esta porcaria de país, queridos filhos, nada posso. Eles são profissionais da coisa, muitas vezes têm razão embora se assemelhem bastante àqueles realejos antigos das feiras que tocavam sempre a mesma melodia. Contudo, posso contar-vos outras coisas.

Este país já passou por muitas crises. Vocês dois nasceram bem dentro delas. Lembro-me de acordar todos os dias sem saber se haveria leite ou batatas, visto que o bacalhau, só em sonhos; lembro-me de todos os dias o leite e as batatas serem mais caros, à custa duma inflação de mais de 30%. Lembro-me de “herdar" tudo o que vocês precisavam porque os amigos iam passando berços e carrinhos para outros amigos. Lembro-me dos ordenados em atraso e do subsídio de Natal que não veio.

Por incrível que pareça, nessa como noutras alturas, não desaparecemos como país. Correremos agora esse risco? Bom, o douto doutor António Barreto veio há dias profetizar que, a prazo, Portugal pode desaparece; mas eu também posso profetizar que, a prazo, estaremos todos mortos.

É certo que também eu sinto” uma força a crescer nos dedos e uma raiva a nascer nos dentes”, mas tenho a certeza que vamos sair desta, a bem ou a mal, com ou sem Europa.
No que toca à Europa, sabem o que penso – ou nos salvamos todos, ou não se salva ninguém, e por isso não contem comigo para vos incitar à emigração (o Miguel até escreveu logo a carta ao filho ausente, como se o filho presente precisasse de carta para alguma coisa); sei que para muitos não há alternativa, mas também me parece que, para muitos outros de barriga cheia, isto passou a ser uma pocilga malcheirosa onde não é chique estacionar, (e quantas vezes não foram os seus paizinhos a transformar isto em pocilga?).

É tempo de aguentar, lutando pelos direitos e cumprindo com os deveres, como alentejanos de boa cepa que são, e a quem ensinei que não se cospe no prato.
Ah, só mais uma coisa: não me mandem sair da frente, porque eu não saio.
Sem açúcar, mas com muito afecto
Vossa mãe.