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quarta-feira, março 05, 2014

Uma mão estendida
















 
 
 
De vez em quando, muito de vez em quando, uma notícia reaviva um pouco a minha fé nos homens.

Ainda muito, mas muito mais de vez em quando, essa notícia chega pela mão dum político.
Foi o caso desta, que veio pela mão de Jorge Sampaio.

Tirar estes jovens de dentro do conflito para virem estudar, ainda que por um ano, é fazer a (boa) diferença na vida dos outros. E, para variar, em modo não assistencialista.

E foi assim que também eu ganhei qualquer coisa porque, subitamente, veio-me à memória um poema que foi quase um mantar na minha juventude, e de que há demasiado tempo me tinha perdido.

 
Et un sourire

La nuit n'est jamais complete.
Il y a toujours puisque je le dis,
Puisque je l'affirme,
Au bout du chagrin une fenêtre ouverte,
Une fenêtre éclairée.
Il y a toujours un rêve qui veille,
Désir à combler, faim à satisfaire,
Un cœur généreux,
Une main tendue, une main ouverte,
Des yeux attentifs,
Une vie, la vie à se partager.

 
Paul Eluard.

Nota: os não francófonos que me perdoem hoje.

 

quinta-feira, maio 30, 2013

Uma verdade elementar

Quem anda por aqui, perto de mim, gosta de me gozar dizendo que eu tenho um ódio de estimação por Jorge Sampaio.        
Não é verdade.

É certo que ele foi uma das pessoas que mais me desiludiu em política, e também continuo a achar que muitos dos males que vivemos hoje têm origem em decisões suas. Porém, isso não é nenhum ódio, muito menos de estimação. Foi apenas um desacordo político, embora dos grandes.

Desde que saiu da presidência, Sampaio remeteu-se ao silêncio sobre o país.
Até agora, quando, logo após o Conselho de Estado, deu uma entrevista a Maria Flor Pedroso na Antena 1 da RDP.

Nessa entrevista falou acertadamente, com base num pensamento político sólido, como lhe é próprio, mas sem proferir, sequer, uma frase susceptível de ser largamente citada ou tomada como bandeira.

O mais importante dessa entrevista, quanto a mim, foi o não-dito.

Creio que, com este seu reaparecimento, Jorge Sampaio tentou, in extremis, que os portugueses não esquecessem uma verdade elementar − a Presidência da República é um importante órgão de soberania que pode, e deve, ser ocupado e exercido com dignidade.

segunda-feira, abril 30, 2012

Cronistas irritados

A decisão de Mário Soares e da Associação 25 de Abril de não participarem nas comemorações oficiais do dia 25 de Abril irritou profundamente comentaristas, cronistas e afins. Afinal, não foi só Ricardo Costa, foram quase todos.

Henrique Monteiro, no Expresso de 28/04/2012, lamenta que Vasco Lourenço tenha dito que “os eleitos já não representam o povo”. Bom, eu também acho que não é bem isso, mas todos conhecemos o jeito que Vasco Lourenço tem para se comportar com elefante em loja de porcelana. Os eleitos representam sempre o povo que os elegeu, podem é, uma vez eleitos, governar contra ele. É o que está a acontecer e era o que deveria ter sido dito, mas a Associação tem o direito de tomar as posições que entender.

Henrique Monteiro diz também que Sampaio esteve presente porque, esse sim, sabe distinguir “o essencial do acessório”.
Não tenho tanta certeza disso.

Ainda hoje acho, contra tudo e contra todos, que ele é o primeiro responsável pela situação em que nos encontramos.

Ao dar posse a Santana Lopes em 2004, seguindo as ordens de Barroso, fez o país cair nos braços de Sócrates no ano seguinte. Tudo poderia ter sido diferente (ou não, quem sabe?) mas esta decisão de Sampaio tem um peso enorme na história recente do país, e parece estar completamente esquecida. Sim, também Sampaio, aí, traiu a confiança de quem nele votou, dando agora ares de virgem impoluta. Na política portuguesa não há disso.

Quanto a Mário Soares, já aqui disse que “não dá ponto sem nó”. Depois de ter andado com Passos ao colo, infletiu o caminho e quis dar um recado qualquer. Qual? A quem? A resposta pode não ser, para já, óbvia, mas, mais cedo ou mais tarde perceberemos, porque Soares pode estar velho, mas parvo é que ele não está.
Azar o de comentaristas, cronistas e afins.