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quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Se um blogue incomoda muita gente...

Recentemente, dois doutos crânios lusos entenderam escrever sobre a blogosfera.
José Pacheco Pereira escreveu no Público um longo artigo que Joana Lopes transcreve e comenta no seu blogue Entre as Brumas da Memória.
Talvez por ele próprio ser autor dum blogue, analisa a blogosfera com trambelhos, ainda que os seus trambelhos.

Pessoalmente não acredito que os blogues políticos tenham perdido influência; neste país há sempre uma “guerra” para travar, um alvo a abater, um soundbite a esmiuçar, e sobre eles há tantas e tão variadas opiniões, argumentações e ponderações, que os blogues se tornam uma fonte inesgotável de artigos de opinião, alguns bem melhores do que os que lemos nos jornais.

Já Miguel Sousa Tavares, que parece começar logo a espirrar de alergia quando lhe falam em internet, escreve na página/lençol do Expresso:”…essa terrível entidade a que hoje querem resumir a democracia chamada blogues”.

Não conheço ninguém que queira tal coisa, mas é certo que não me movo nos círculos seletos de MST; ao contrário, conheço muita gente que pensa que os blogues acrescentam democracia à democracia.
Os blogues políticos e de reflexão sobre a nossa sociedade são, frequentemente, muito bem escritos e pensados (é só passar pela minha lista de Gosto de), são gratuitos e feitos nas horas vagas de quem os escreve.

Sousa Tavares percebe, na blogosfera, que não é só ele que sabe escrever, ou pensar, e que hoje todos podem publicar "sem custos para o utilizador".
Talvez essa constatação o faça sentir-se um pouco ameaçado, talvez.

quarta-feira, abril 20, 2011

A zanga de Clara Ferreira Alves

Uma declaração de interesses inicial: Clara Ferreira Alves integra o muito restrito grupo de jornalistas portugueses por quem tenho verdadeiro respeito e admiração. Sempre leio com prazer as suas crónicas informadas, pensadas, bem escritas, às vezes com um humor mordaz, embora nem sempre estejamos de acordo, como é normal. A sua coerência, seriedade e capacidade de análise fazem dela um nome de topo do jornalismo português, por isso mesmo alvo fácil de invejas e ressentimentos, a que acresce o enorme “pecado” de ser uma mulher reconhecida pelo seu trabalho.
No Expresso de 16/04/2011 dedica a sua crónica à ignomínia que grassa na internet, nomeadamente com um texto que lhe é falsamente atribuído, em que se dedicaria a demolir o seu amigo Mário Soares e que a Google argumenta não poder retirar, a não ser com ordem do tribunal.
Por acaso, tal texto nunca chegou até mim mas, quem é leitor de CFA certamente perceberá que uma coisa dessas só pode ser uma fraude.
É certo que há muitas coisas desagradáveis na internet. As caixas de comentários de jornais e blogues são, frequentemente, verdadeiros caixotes do lixo onde os malformados despejam os seus ódios, frustrações, invejas e má-criação.
Contudo, como é sabido, o bem e o mal coexistem em tudo na vida e, se a internet pode ter muitas faces desagradáveis, ela é também, e simultaneamente, um espaço de liberdade democrática como nunca antes se tinha conhecido.
Se é aberta a tudo e a todos, é também recetáculo do melhor e do pior que a humanidade contém, ou seja, se ela pode conter tudo o que há de pior nos humanos também é, e é-o muitas vezes, um espaço de criatividade e solidariedade do melhor que somos capazes de fazer.
CFA está zangada e com razão, mas parece que se esqueceu da parte boa da internet, parte que ela certamente a usa com proveito.
Nem tudo na internet é mau, nem tudo na internet é bom mas, pessoalmente, estou convencida de que os benefícios são bem maiores que os malefícios.
Podemos sempre voltar à velha discussão – deve, ou não a internet ser regulamentada.
Entretanto verifica-se que somos todos iguais: quando estamos zangados até o mais perspicaz fica um bocadinho vesgo.