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terça-feira, março 12, 2013

Mel

Mel, o último romance de Ian McEwan, é uma história com muitas estórias, muita História e muitas possibilidades interpretativas. De que quis falar Ian McEwan?

De espiões e espionagem? Da Grã-Bretanha dos anos 1970? De amor, sexo, traição e ciúme? De literatura e escritores? De si mesmo?

É com todos esses temas que McEwan, como lhe é habitual, e com fleumática mestria, constrói uma narrativa que suga o leitor para dentro dela soltando-o apenas na última página.

Se Mel tem muito de autobiográfico como se afirma, não sei, mas creio que quase só pode interessar uma geração mais velha, que tenha referências suficientes para se lembrar do IRA Provisório, da semana de três dias, da crise do petróleo, das greves dos mineiros britânicos, dos terrores da guerra fria, da ressaca dos sixty e de todo um caldo de cultura que conduziu Margaret Thatcher ao poder e lá a manteve mais de dez anos. Em resumo, a geração a que pertence o autor.

Ironicamente, os medos vividos neste período, desconhecidos dos leitores mais jovens, são, em grande medida, os mesmos que nos assaltam hoje –instabilidade política com políticos fracos, crise social,  terrorismo ou o medo dele, extremismo político, greves.

Quem tenha memória não se arrependerá de ler este livro.
Tampouco se arrependerá quem, não a tendo, seja apenas amante de boa ficção.

Ed: Gradiva