As generalizações são perigosas, como é sabido, mas posso
garantir que, na minha juventude, os homens, pelo menos a maioria deles,
encarnava com gosto a figura do macho latino − durão, engatatão, marialva, dono
da mulher, arrotador de postas de pescada do tipo “lá em casa quem veste as
calças sou eu”.
Nunca apreciei o género, mas reconheço que, apesar de tanta
parvoíce, nos momentos cruciais iam directos ao assunto e resolviam-no,
geralmente dando o corpo ao manifesto, com limpeza e de cara destapada, não sendo
sequer normal o uso de violência.
Vem isto a propósito da condenação dum homem que enviou inúmeros
SMS (só num dia foram 110) ao fulano que lhe assediou a mulher.
Situações destas sempre aconteceram, e os tais durões de
antigamente resolviam-nas com a chamada “conversa de pé de orelha” ou com um “chega
pra lá” em que ficava claro que se tinha tomado conhecimento e que tal não era
admissível para nenhuma das partes – nem para o homem nem para a mulher.
Não deixa de ser estranho para mim que, nos tempos actuais,
quando tantos homens batem nas mulheres, chegando demasiadas vezes a matá-las,
alguns, para resolver uma questão tão comezinha com outro homem, não usem a
orelha, nem o largo peito, nem a cara descoberta, mas apenas as pontinhas dos
dedos nas teclas do telemóvel.
Mudam-se os tempos…