Mostrar mensagens com a etiqueta Henrique Raposo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Henrique Raposo. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, setembro 04, 2013

“O Bloco já não é bom como o milho”, sentença do Henrique

A discussão sobre o piropo, iniciada no Bloco de Esquerda e que na semana passada tomou de assalto as redes sociais, proporcionou, a quem a acompanhou, a leitura de muita parvoíce, é certo, mas também a constatação duma capacidade argumentativa, por parte de inúmeros anónimos, capaz de fazer inveja a muitos deputados, demais políticos e comentadores.

Sabe-se que há o inocente piropo do tipo galanteio, o piropo ordinário que é realmente uma agressão à mulher, e o piropo geralmente ordinário com que eles e elas, hoje em dia, se “mimam” uns aos outros de igual para igual. Tudo isto se pode discutir, sim, e em qualquer altura, mesmo se temos problemas mais prementes por estes dias.

Tudo isto também dá pano para mangas, e o Henrique Raposo tem tanto direito a gastar deste “pano” como todos os outros, mas podia contribuir para a discussão com alguma ideia que se aproveitasse, se fosse capaz, claro.

Não foi, como de costume, e voltou a barricar-se na piadola de rapazola alarve e na preguiça mental, servindo-se do assunto apenas para mandar mais uns coices de macho latino ao Bloco de Esquerda sobre as gajas” boas como o milho” que este tinha mas já não tem.

E termina sentenciando: “buço por buço, prefiro o da Odete Santos”.
Eu podia aqui escrever que “buço por buço”, prefiro o da mãezinha dele, que deve ser uma santa senhora. Mas não digo, não digo, não digo.

Só me pergunto por que será que o BE, que até tem fraca expressão eleitoral e nunca chegará ao poder, incomoda tanto esta gente? Terão medo de quê?

Francamente não sei o que me deu na 2ª feira para me pôr a ler a crónica online do rapaz, coisa que raramente faço, mas devo aqui confessar uma coisa:
Eu, que sou de esquerda, costumo apreciar um gajo de direita que saiba argumentar. Acho isso sexy, pronto.

No caso do Raposo, porém, a sua escrita nem um saco lacrimal estimula.



terça-feira, julho 30, 2013

Onde pára o Álvaro?

Já não há ironia nesta pergunta; agora é literal – onde pára Álvaro Santos Pereira?

Saiu de ministro, não foi à tomada de posse da remodelação e nunca mais ouvimos falar dele.

Das duas, uma: ou já voltou para Vancouver ou, mais mês menos mês teremos notícias sobre a empresa que o acolheu e que lugar nela ocupa.

A opção que tiver tomado vai dar-nos a conhecer, finalmente, o verdadeiro Álvaro.

O Raposinho tem andado ocupadíssimo, em papel e online, a tecer a defesa do Álvaro, o que logo me dá ideias… como direi? Melhor não dizer!

Argumenta ele, o Henrique, entre outras coisas muito perspicazes e inteligentes, que a snobeira lisboeta achou que o Álvaro era um totó por pedir que o chamassem pelo nome próprio, como no Canadá.

Ora, a snobeira existe, de facto, mas não neste caso, e até eu, que sou alentejana, acho o Álvaro um verdadeiro totó, porque só um verdadeiro totó aceita ser ministro dum país que desconhece.

A mania dos doutores que existe por aqui, sim senhor, tem razões históricas e não desaparecerá só porque os Álvaros e Raposinhos acham que deve desaparecer; nem desaparecerá se se fizerem mil decretos. Desaparecerá a prazo, quando as razões que a criaram deixarem de existir.

Que o Henrique não perceba isto, não é grave, porque o rapaz se limita a escrever umas coisas que acha engraçadas e que, às vezes, também me fazem rir, mas para ser ministro, valha-nos a santa, não dá.

O Álvaro é um totó, sim, mas onde andará?

É esta a questão que agora me inquieta; temo que se deixe enrolar por alguma onda grande no mar português.
Queira Deus que não, e que a gente tenha notícias dele bem depressa. Já tenho saudades. É que, na verdade, era um ministro totó, mas era fofinho – ria-se das piadas dos deputados e até chegou a anunciar-nos o fim da crise. Só não disse quando. E continuamos sem saber.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

O Henrique e as malhas da Ti’ Maria


Quando eu levava a sério o Henrique Raposo, embirrava um bocado com ele mas, no momento em que percebi que o rapaz não podia ser levado a sério e que aquilo era mais ou menos um intermezzo humorístico do Expresso, passou a ser, para mim, o autor da semanal croniqueta light.

No sábado passado, voltou às origens e às camisolas de malha da Ti’ Maria, que lhe eram oferecidas no Natal e na Páscoa, e davam um jeitaço porque eram quentinhas e coloridas e tricotadas com amor e passavam de tronco para tronco.

Eram bons tempos, na perspetiva do Raposo, e estão de volta, com a graça de deus.

Então ter as tias todas a tricotar furiosamente para os ganapos ali à volta da braseira não é um ideal para o século XXI, para a refundação da família cristã e do próprio país?

Se o Henrique fosse um pouco mais velho ainda se havia de lembrar, com prazer, dum texto do livro único do Salazar para a escola primária.

Mas eu conto: era uma vez um menino mau que foi aos ninhos e rasgou as suas únicas calças. A irmã, depois de o admoestar por tão feia acção, e para que a mãe não percebesse, pegou na agulha, não a de tricotar da Ti’ Maria, mas a outra, a de coser, e arranjou as calças na perfeição. O texto terminava dizendo: “Que lindas que são as meninas que sabem costurar”.

Ó Henrique, caraças, isso é que eram bons tempos. Já viu só, se conseguisse juntar a Ti’ Maria a tricotar e a mana a coser para si? Era o paraíso na terra.

Porcaria de país este, que meteu na cabeça que havia de ir à Benetton comprar malhas.
Mas os “ontem que cantam” na cabeça do Henrique são um verdadeiro farol para o futuro do país.


segunda-feira, maio 07, 2012

O Pedro, o Henrique e a escrita deles

Este post tem como real objectivo chamar a atenção para o excelente editorial de Pedro Santos Gurreiro publicado no Jornal de Negócios na semana passada.
É jornalismo de primeira, e eu gosto. Se faço este aviso é porque, no fim, pode já não se perceber isso muito bem, as conversas são como as cerejas e tal.

Acontece que eu também tenho uma costela masoquista, e assumo que todas as semanas leio gente que, sei-o antecipadamente, me vai deixar mal disposta.

É o caso de Henrique Raposo, rapaz endiabrado, cheio de “graça” e certezas.
As suas crónicas provam à saciedade que não é preciso ter berço para alinhar na direita parva; quando o assunto recai sobre a sua humilde família de origem, todo ele é doçura e ternura e sei lá, quase me comovo; quando fala do país oferece-nos uma taça de cinismo a boiar em graçola arrapazada.

Esta semana, escrevendo sobre o mesmo assunto que Pedro Santos Gurreiro, atira-se, mas a brincar, é sempre a brincar, a quem se indignou com a história Pingo Doce.
Esquerda caviar, diz, (como agora a direita gosta de dizer), que acharia normal uma fila para comprar um brinquedo da Apple, mas no fundo não suporta o povinho que só quer consumir barato.

Povinho esperto, o nosso. Os caviar, que por aqui também andam, é que são do piorio. Se, ao menos, o Raposo soubesse argumentar! Mas a única coisa que ele sabe é usar uma prosa chocarreira que deve achar de grande qualidade.

A minha costela masoquista, porém, não desgruda. Todas as semanas o leio e todas as semanas, quando acabo, só me apetece dizer-lhe:
Ó Henrique, vai-te catar.
E para a semana há mais.


segunda-feira, novembro 21, 2011

Carta (que ele não vai ler) a Henrique Raposo


Bom dia, Henrique

Já é 2ª feira e ainda não digeri a sua crónica de sábado no Expresso.
Tenho o hábito de o ler, mas é mesmo só hábito, porque raramente concordo consigo. Talvez eu tenha o hábito de discordar de si, mas desta vez você foi longe demais, ofendeu-me a mim e à minha geração.

O Henrique não me lê como eu o leio a si mas, se lesse, saberia que tenho grande apreço e carinho pela geração a que pertence, ao contrário de si que destila ódio pela geração dos seus pais e tios e avós que, curiosamente, muitas vezes refere com carinho. Deve ser só a sua família que tem qualidades; os outros da mesma geração são uns filhos da mãe, pendurados nos vossos descontos e sacrifícios, são “matronas anafadas” que vos roubam a cegonha, o bem-estar e a casinha no centro de Lisboa.

Saberá certamente o Henrique que os seus estimados pais, e todos os da sua geração, não esperaram ter uma casa no centro de Lisboa para o mandar vir, nem esperaram ter todas as condições desejáveis para ter filhos, ou você não estaria cá. Ao contrário, os seus amigos não querem nada com a cegonha antes de ter tudo nos trinques.

O Henrique saberá também, certamente, que a casinha que agora custa 20 euros, quando foi arrendada nos idos de 60 ou 70, custava os olhos da cara e levava grossa fatia do ordenado. Nada de novo, portanto. A habitação sempre foi cara para os jovens.

Não quero com isto defender a lei em vigor, de que, aliás, discordo profundamente, mas o Henrique também saberá que as rendas foram congeladas em Lisboa ainda por Salazar, e que nenhum governo, até hoje, foi capaz de resolver este assunto de maneira justa, razão pela qual tudo vai ficando na mesma.

O Henrique saberá ainda que os governos são eleitos por nós, e calculo que o menino, apesar de jovem, já elegeu vários, pelo que também contribuiu para o “peditório”.

As “matronas anafadas” que pagam rendas baratas usam a lei que os políticos não ousam mudar, mas o Henrique está em óptima idade para entrar na política e ajudar a resolver esta e outras miudezas da política portuguesa. Tem agora um governo a seu jeito e acho que devia tentar. Assim, poderia fazer leis que pusessem as velhas todas debaixo da ponte e acabar de vez com as reformas desses malandros da geração dos seus pais, cambada de parasitas que estão a viver dos seus descontos e a ocupar as casas que lhe são devidas a si e aos seus amigos.

Tenho estado a partir do princípio que o Henrique saberá uma série de coisas elementares mas há uma que me parece que desconhece completamente – chama-se Solidariedade Geracional, que faz com que os seus pais tenham pago a reforma dos seus avós e com que você pague a dos seus pais. Um dia, se não estragarem tudo até lá, os seus filhos pagarão a sua.

Enquanto o Henrique não aprender que tudo nesta vida é política e não conflito geracional, não será um verdadeiro homenzinho.

Mas olhe, eu acho que o menino não é parvo, e por isso, faz-se. Que diabo, apesar de eu os abominar, a democracia também precisa de políticos de direita.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

"A Vida dos Outros" e o pensamento de Henrique Raposo


Henrique Raposo é um jovem, e muito vivo, colunista do Expresso, que todas as semanas opina na coluna da direita da página 37 do semanário.
Na edição de 21 de Janeiro, atenta, com grande lucidez, na “direita gay” e na “esquerda snob” que, diz, não gostam de Cavaco Silva. A primeira não gosta porque só lhe interessam os assuntos gay, e a segunda não gosta porque não perdoa que alguém possa ser Presidente tendo nascido em Boliqueime.
O pensamento é elaborado e ajuda-nos a meditar nestas magnas questões, embora eu, assim de repente, não me lembrar de ninguém que em Portugal não gostasse de Ramalho Eanes por ele ter sido eleito Presidente sendo natural de Alcains.
A última parte da coluna, dedica-a ao filme “A Vida dos Outros” (filme alemão de 2006, vencedor do Óscar para melhor filme estrangeiro em 2007), num bota-abaixo de fino recorte. Termina dizendo: «“Portanto, esqueçam o “Toy Story”: “A Vida dos Outros” é filme ideal para as criancinhas.”»
Acontece que este belo filme não pode, de facto, agradar a quem tem um olho vivo e outro cínico, com os quais só consegue fazer análises ideologicamente pré-formatadas.
Viver em ditadura, coisa que o colunista nunca provou, exige um grande jogo de cintura; que o diga o nosso Presidente reeleito, que, no período do Estado Novo, ao preencher uma qualquer declaração que lhe era exigida para trabalhar para o Estado, achou prudente acrescentar que não se dava com a mulher do sogro, coisa que nunca lhe foi perguntada.
Na Alemanha de Leste, em Portugal e em tantos outros locais do mundo por onde as ditaduras (de todos os tipos) deixaram um rasto de morte, medo e sombra, muitos foram colaboracionistas por convicção, outros por mera questão de sobrevivência.
As pessoas não podem mudar? Claro que podem, e um agente da Stasi também pode mudar, ainda mais quando é já tão evidente que o regime falhou.
Se não acreditarmos nisso, como vamos classificar um Frederik de Klerk e a sua mudança na África do Sul ou, em termos mais caseiros, Adriano Moreira, para só citar dois duma lista interminável?
Para além do mais, Henrique Raposo não conseguiu perceber que o filme é também sobre as contradições do ser humano, a solidão e a omnipresente vigilância sobre todos nós (mesmo nos regimes democráticos).
Um conselho, com amizade, ao Henrique Raposo: continue a ver “Toy Story”.