Mostrar mensagens com a etiqueta Gulbenkian. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Gulbenkian. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, agosto 22, 2011

João Penalva no CAM

“Trabalhos com texto e imagem” é o nome da exposição antológica de João Penalva que o Centro de Arte Moderna da Gulbenkian exibe até 9 de Outubro de 2011.
Constituída por fotografias, vídeos, textos, pinturas, esculturas e instalação, nela vamos descobrindo as múltiplas facetas dum artista a quem nenhuma forma de expressão é estranha. Bailarino, pintor, actor, escritor, tradutor, gráfico, curador, cineasta, fotógrafo, poderia ter sido também escritor, porque aqui encontramos também um bom narrador e contador de histórias (reais ou imaginadas), que até nos podem fazer rir: eu ri, e ouvi um jovem que estava por perto dar umas boas gargalhadas.
Porém, visitar esta exposição que ocupa todo o CAM, excepto a Galeria -1, exige tempo, muito tempo, porque não se trata apenas de ver, mas também de ler.
Ouso por isso dizer que o tamanho desta exposição é quase um absurdo.
Por mim, estive lá duas horas e só vi uma parte. Com muita pena minha, que gostaria de ter visto mais, as pernas disseram-me para ir embora, e eu fui. Pelas minhas contas, para ver e ler tudo, precisaria de lá voltar ainda umas três vezes. A quatro euros cada vez…é fazer as contas, como dizia o outro.
Quem quiser ficar-se por uma única visita, dependendo da sua condição física e do número de vezes que vai ao ginásio, pode ficar com um visão maior ou menor do excelente trabalho dum dos nossos  mais internacionalizados artistas.
O catálogo que acompanha a exposição não desmerece; com abundantes reproduções, tem textos em português, inglês e dinamarquês de Rachel Withers, Bruno Marchand e João Nisa (cinema).
Preço, 40 euros.
Enfim, luxos.




sábado, janeiro 22, 2011

Os "Muros de Abrigo" de Ana Vieira (e outras coisas mais)



No Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, pode ver-se até fim de Março uma exposição retrospectiva de Ana Vieira (Coimbra, 1940) composta por obras que vão dos finais dos anos 1960 até à actualidade.
A tradicional pintura bidimensional nunca foi o objecto de trabalho da artista, antes a criação de peças em suportes variados.
O que me encanta na obra de Ana Vieira é o jogo de mostra/esconde, o vazio (ou a ausência), às vezes o som, a necessidade que o espectador sente de activar todos os sentidos, de olhar com o corpo todo.
Se em trabalhos mais antigos o nosso olhar se depara com finos tecidos, telas ou biombos que “escondem” o que está para lá deles, criando alguma teatralidade que parece querer deixar-nos na plateia, nesta exposição somos convidados a atravessar um corredor branco ao longo da nave, como se Ana Vieira, finalmente, abrisse a porta e nos dissesse – entrem e participem no meu trabalho.
A exposição é muito boa e merece ser vista.
Enquanto a visitei não pude deixar de evocar alguns trabalhos de outras artistas portuguesas mais ou menos da mesma geração – Helena Almeida e Lourdes Castro.
Infelizmente para elas, não emigraram, pelo menos o tempo suficiente para terem o reconhecimento público no estrangeiro que as faria entrar em ombros em Portugal; também não sabem, nem querem saber, nada de marketing.
Não se chamam Vieira da Silva, Paula Rego ou Joana Vasconcelos, únicos nomes de mulheres artistas que os portugueses conhecem. É pena, porque elas mereciam mais do que lhe soubemos dar.
De lamentar nesta visita, apenas a ausência de uma simples folha de sala que ajude o espectador a situar a obra duma vida no contexto da arte contemporânea portuguesa.
Existe no balcão uma publicação minúscula que custa €1,5. Se a isso juntarmos €4 de entrada, gastaremos ali €5,5 duma assentada; pode dizer-se que a Gulbenkian está cara
e não é para todos. Mas alguma vez o foi?