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quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Obviamente, demitiu-se

Desde que o actual governo tomou posse, já perdi a conta ao número de casos em que foi pedida, com ou sem sentido, a demissão de alguém − da Jonet ao Ulrich, da “alegre” Glória ao Franquelim, sem nunca esquecer o inenarrável Relvas.

Banalizámos os pedidos de demissão, pedem-se muitas vezes, pedem-se vezes de mais, talvez porque toda a gente sabe que não serão atendidos por parte dos visados.

O poder está absolutamente seguro de que os cães (nós) ladram e a caravana (eles) passa, e assim permaneceremos entretidos, uns a ladrar e outros a passar.

Sabemos que não é assim em democracias sólidas, “velhas” e com opiniões públicas fortes e mais ou menos esclarecidas.

Prova disso é esta notícia do ex-ministro e actual deputado inglês, que foi obrigado a demitir-se por conduzir em excesso de velocidade. É claro que a totalidade da história também mete sexo e mentiras, mas Chris Huhne declarou que a sua renúncia ao Parlamento era a única atitude adequada a tomar após a condenação pela infração.

Por esse mundo fora, as pessoas não são melhores que nós, prevaricam como nós, mas demitem-se quando são apanhadas.
A diferença não é pequena, quer na qualidade da democracia, quer na do ar que se respira.

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Daniel Oliveira e a moça dos copos

No seu artigo do Expresso online de ontem, intitulado "A glória do moralismo", Daniel Oliveira argumenta muito bem sobre a estupidez de exigirmos políticos sem mácula, e contra o facto de se estar a pedir a demissão da deputada Glória Araújo, apanhada a conduzir com 2,4 gramas de álcool por litro de sangue.

Diz ele a rematar: Porque corremos o risco de passar a escolher políticos que nos parecem tão perfeitos que só podem ter uma de duas características: ou não têm vida ou são excelentes mentirosos. Uma e outra são pouco recomendáveis a quem tem de decidir sobre as nossas vidas concretas.

Por mim, estou de acordo, e até acho que toda a gente deve ter uma vida que inclua, eventualmente, beber uns copos a mais se lhe apetecer.

No caso em análise, se a senhora fosse viciada em pornografia ou cocaína eu também não tinha nada com isso, desde que cumprisse bem a sua função, fosse ela deputada, enfermeira, manicura, advogada ou freira.

Porém, não se trata aqui dum vício privado, mas duma pública demonstração de desrespeito pela vida dos outros, não admissível num deputado.

Se o Daniel fosse no seu carrinho, ou na passadeira, e levasse com o carro da moçoila em cima, talvez não achasse graça a uma tal “vida”, talvez até achasse pouco recomendável que a deputada Glória decidisse assim sobre a sua vida concreta.

Enquanto continuarmos a ser complacentes com os bêbados ao volante, e não virmos nisso um grave desvio moral e cívico, como acontece em muitos países civilizados, haverá sempre gloriosas Glórias que festejam o seu aniversário indiferentes ao facto de outros poderem não festejar mais nenhum.

Tem estofo moral para ser deputada, para me representar e decidir sobre a minha vida?
Na minha perspectiva, ao conduzir embriagada, borrifando-se para o que me possa acontecer, prova que não. Na do Daniel Oliveira, sim.

Lamento mas, para mim, há casos em que o rabo tem mesmo que ver com as calças.
Moralista, eu, pelos vistos.