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quinta-feira, dezembro 19, 2013

A importância de se chamar Gato Fedorento









 
 
Espanta-me que, seis dias passados sobre uma porcaria dum programa humorístico, o país continue a discutir se o mesmo foi bom ou mau, por que razão não teve graça, ou será que teve mas poucos a viram, porque entrou o jornalista Rodrigues Guedes de Carvalho na farsa, mas terá sido uma farsa ou será tudo um mero golpe de marketing para o que virá a seguir, poderá um jornalista espirrar, tossir ou ter caspa e ainda assim continuar jornalista, poderá um jornalista do DN escrever sobre um seu colega da SIC pondo as coisas no seu lugar ou terá alguma coisa mais em vista, foi aquilo um sketch corajoso por se querer dar um banano no Paulo Portas e por chamar bandidos aos governantes ou, pelo contrário, sublimou os desejos reais de violência e ajudou à manutenção da paz social podre fazendo um frete ao governo?

Estas e outras questões, perguntas e conspirações continuam a ser discutidas nas redes sociais, tantos dias depois, como se se tratasse de algum acordão do Tribunal Constitucional, pr’aí, ou quiçá duma decisão irrevogável do do banano.

Uma pessoa quase se esquece que aquilo foi um programa de humor. Apenas.
Eu até acho que as redes sociais são, hoje em dia, o recreio dos adultos, mas, ó gente, há dias em que aquilo lá no Facebook já não me parece o pátio do recreio – parece-me mais o pátio dum manicómio.

terça-feira, dezembro 17, 2013

De novo a interpretação











 
 
O humor em Portugal quase sempre foi curto e grosso, isto é, com muito recurso ao palavrão e ao sexo; o sarcasmo, mas sobretudo a ironia fina, nunca fizeram o nosso género.

O caso mais recente em que tal se verificou foi o da entrevista que Rodrigo Guedes de Carvalho deu a uma sua colega depois da exibição do programa dos Gato Fedorento.

Nessa entrevista, ele lamenta, com ar sério, a sua participação naquela “parvoíce” e diz que “foi atraído para uma armadilha”.

Rodrigo Guedes de Carvalho revela ser, ao contrário da colega que o entrevista, um excelente actor, respondendo assim a quem o atacou por, supostamente, um jornalista não poder entrar naquelas brincadeiras.

Contudo, parece ter sido entendido à letra por uma enormidade de pessoas inteligentes.

O programa certamente foi preparado durante semanas; o Rodrigo tinha na mão as “deixas” escritas; a SIC é um canal nacional cheio de profissionais onde as coisas não vão para o ar ao acaso.

Seria, então, crível que a SIC deixasse que um seu pivô fosse atraído para uma armadilha? E seria também crível que mandasse, logo de seguida, alguém fazer-lhe uma entrevista risonha como acto de contrição?

Não. O único “pecado” de Rodrigo Guedes de Carvalho foi ser convincente, e usar demasiada ironia e subtileza para um país que, cheio de pressa, só vê metade, só ouve metade, só lê metade, e logo tira as suas conclusões.
Que são sempre por inteiro.

A entrevista pode ser vista aqui.