Depois o
Porto começou a aclarar, a limpar-se, ajardinar-se, cultivar-se, a
democratizar-se, com perda de poder relativo da Foz, e eu comecei a gostar.
Há 12 anos,
as gentes do Porto deram em recuar, elegendo repetidamente um
nortista/elitista. Eu comecei a perder-lhes um pouco o respeito, mas dei de
barato que lá teriam razões que eu desconhecia.
A notícia da
senhora de 79 anos que foi despejada da sua habitação social por não ter
respondido ao inquérito que a Câmara do Porto lhe enviou mostra-me que não vou
gostar nunca do Rio, muito menos agora que ele tem que ir embora do Norte e pode
assombrar o Sul.
Porque não
terá respondido a senhora? Para Rui Rio parece haver uma única resposta:
Não
respondeu porque não quis, e por isso, rua.
Eu pergunto:
a senhora sabe ler? E sabendo ler consegue interpretar o que está escrito? E o
filho que com ela mora, toxicodependente em recuperação, é capaz de tomar conta
da sua vida e da da sua mãe?
Quantas
assistentes sociais tem a Câmara do Porto para acompanharem casos destes?
Acompanharam? Ensinaram? Alertaram? Ajudaram? E a Junta de Freguesia, para que
serve numa cidade se não for para estar mais perto e apoiar os mais
desprotegidos?
Finalmente,
o senhor presidente da Câmara, eleito pelo povo, não teve nenhum sobressalto
cívico quando deu ordem de despejo a uma munícipe de 79 anos?
Orgulhosas
gentes do Porto: ides continuar a entregar o poder à Foz?
É que, caso ainda não
tenhais entendido, a Foz gosta do poder mas
não gosta de vós.