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quarta-feira, março 20, 2013

No reino animal


No mundo dos negócios e da finança em Portugal há dois grupos dominantes de animais: o das araras emplumadas que não se calam, e o das doninhas malcheirosas escondidas nas moitas mas silenciosas.

No primeiro grupo inserem-se Fernando Ulrich e Belmiro de Azevedo; sempre que lhes põem um microfone à frente não resistem a produzir o discurso do palhaço rico com o qual as televisões providenciam tempo de antena de baixo custo, e as redes sociais conseguem uma semana de ofendida cavaqueira.

Acontece, porém, que são discursos sentidos, e as araras acreditam no que dizem.

No outro grupo, o das doninhas, estão os que sabem a música toda mas preferem o silêncio, continuando a fazer os seus negócios, claros ou escuros, sempre que possível longe das luzes da ribalta; são, por exemplo, Ricardo Salgado e Américo Amorim.

Quando araras e doninhas, com a cultura que lhes é própria, viram elite económica e financeira dum país, fácil se torna perceber por que nele a finança estoira e a economia não medra.

sexta-feira, novembro 02, 2012

Ulrich saído da caixa

Há dias em que olho para Ulrich e vejo uma picareta falante. Noutros vejo um boneco de mola saído da caixa com a incumbência própria do bobo da corte – bandear-se e fazer rir os cortesãos, seus donos. Tomou o gosto à coisa, que é como quem diz, a fazer palhaçadas e a dizer alarvidades, e já nem quer outra vida.

Está em todas, nem deve ter tempo para ir ao banco.

E como ele está contente consigo próprio, e como ele gosta de dizer tudo o que lhe vem àquela cabeça pouco esperta, e como ele sente a impunidade, e como ele gosta de achincalhar, e como ele é provocador.

“Aguenta, aguenta”, diz o boçal Ulrich sobre a nossa vida, e eu pensei logo em ir fechar a continha lá na loja onde ele trabalha mas, confesso, fiquei um bocado aflita.

Pensei, vou-me embora para onde?

Do BCP já fugi há anos, da Caixa Geral de Depósitos nunca me aproximei porque não gosto de marajás com um séquito de burocratas, ao Salgado não comprava nem uma vespa em segunda mão e, no que toca aos poucos restantes, era só mudar as moscas.

Resolvi ficar, até porque, hoje, abrir uma conta num banco é muito mais complicado, moroso e cansativo do que despedir 600 pessoas ou declarar falência.

Outra razão para não me dar a esse incómodo é que me parece que, qualquer dia, qualquer coisa, que não só as montras gregas, se vai partir bem perto do palerma do Ulrich, e isso vai assustá-lo tanto que até talvez fique gago.

Nesse dia, os donos do palhaço mandam-no bugiar e contratam outro.
Sempre mudam as moscas.