Tendo por pano de fundo o MI6 e a fria, cinzenta e brumosa cidade de Londres nos anos 1970, portanto durante a guerra fria, Greene vai desenrolando as histórias desses homens que são espiões – suas fragilidades, coragem, personalidades, afectos, solidão, sonhos.
Os caminhos que a vida de cada um de nós leva, são, frequentemente, fruto do acaso e do amor, e isso é-nos soberbamente mostrado através de Castle, o principal personagem. Este, tendo-se apaixonado por uma negra na África do Sul no tempo do apartheid, aceita ajuda dum comunista para a tirar do país e, como retribuição e por amizade, transforma-se num agente duplo que passa informações para Moscovo através duma complicada teia de contactos quase todos desconhecidos.A descoberta da fuga de informações vai levar Castle para um fim que, não sendo o fim da vida, é o fim da vida sonhada, e à amputação dos laços afectivos pelos quais correu tantos riscos.
Foi por amor que Castle se tornou agente duplo e não por qualquer convicção política.
Assim são os homens. Assim escreve um grande senhor das letras europeias do século xx.
“O Factor Humano”
Graham GreeneTradução – Maria João Freire de Andrade
Casa das Letras
2ª edição, Março 2011