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sexta-feira, setembro 09, 2011

"O Factor Humano"

Ao contrário do que se pode levianamente pensar, “O Factor Humano” não é mais um livro de espionagem de Graham Greene. Antes de mais porque Graham Greene não é mais um escritor – é um grande escritor, e depois, porque não é um livro de espionagem – é um romance sobre homens que são espiões. Daí o título ser tão apropriado.
Tendo por pano de fundo o MI6 e a fria, cinzenta e brumosa cidade de Londres nos anos 1970, portanto durante a guerra fria, Greene vai desenrolando as histórias desses homens que são espiões – suas fragilidades, coragem, personalidades, afectos, solidão, sonhos.
Os caminhos que a vida de cada um de nós leva, são, frequentemente, fruto do acaso e do amor, e isso é-nos soberbamente mostrado através de Castle, o principal personagem. Este, tendo-se apaixonado por uma negra na África do Sul no tempo do apartheid, aceita ajuda dum comunista para a tirar do país e, como retribuição e por amizade, transforma-se num agente duplo que passa informações para Moscovo através duma complicada teia de contactos quase todos desconhecidos.
A descoberta da fuga de informações vai levar Castle para um fim que, não sendo o fim da vida, é o fim da vida sonhada, e à amputação dos laços afectivos pelos quais correu tantos riscos.
Foi por amor que Castle se tornou agente duplo e não por qualquer convicção política.
Assim são os homens. Assim escreve um grande senhor das letras europeias do século xx.

“O Factor Humano”
Graham Greene
Tradução – Maria João Freire de Andrade
Casa das Letras
2ª edição, Março 2011