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quinta-feira, maio 21, 2015

Exposição de João Queiroz


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A (este Artista) + C (este Curador) = EI (Exposição Imperdível)

Aguarelas de João Queiroz. Curadoria de Bruno Marchand

Inaugura no sábado, 23, às 17h, na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa.

segunda-feira, janeiro 12, 2015

Honey















 
 
 
 
 
 
“Honey, I rearranged the collection…by artist” é o nome da exposição de Cartazes da Colecção Lampert patente na Culturgest de Lisboa.

“Por que razão tantos artistas, sobretudo a partir da década de 1960, produziram tantos cartazes, na sua maioria para anunciar as suas próprias exposições, não deixando esse meio de comunicação por mãos alheias (de designers, galerias, instituições)?”

Eis a pergunta formulada, e respondida, no folheto de distribuição gratuita que acompanha a exposição.
E quem se dispuser a ir vê-la não sentirá que perdeu o seu tempo, garanto.

Na imagem, cartaz de Robert Rauschenberg anunciando uma exposição sua em 1981, Moderna Museet, Estocolmo, e Palais des Beaux-Art, Bruxelas.

segunda-feira, agosto 25, 2014

Verão IV – Dos Enleios e Dos Abraços


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descobri que, afinal, os fios dos meus auscultadores não se enleiam, abraçam-se.
Enleio é outra coisa.

Imagem duma fotografia da exposição de Edgar Martins – “A Impossibilidade Poética de Conter o Infinito”, patente na Galeria de Exposições Temporárias do Edifício Sede da Fundação Gulbenkian.

Nela se pode ver aquilo, mas também isto:
 
 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tudo fotografado na Agência Espacial Europeia.
Uma boa exposição que acaba a 7 de Setembro

terça-feira, abril 08, 2014

“O Peso do Paraíso”


 


Já aqui tinha feito um breve comentário às esculturas de Rui Chafes que estão no jardim da Fundação Gulbenkian, e não estava entusiasmada.

Agora, fui ver a exposição no interior do CAM.

Aquela enorme nave central, ainda por cima cheia de ruído arquitectónico, não facilita o trabalho de nenhum artista.

Nela, Rui Chafes dispôs as suas peças como pôde, sem recorrer a qualquer divisória do espaço, apostando em que cada uma delas falasse e valesse por si.

Como sempre, de tudo o que vemos, gostamos de modo desigual.

Há peças que nos encantam outras que nos assustam, umas que traríamos para casa de boa vontade e outras que nos desconfortam mas, creio, não há lugar para a indiferença do visitante.

Muito física e perturbadora, mas no bom sentido, esta é uma exposição que, afinal, gostei de ver.

Nota 1: imagem Gulbenkian

Nota 2: igualmente perturbador foi verificar que uma iniciativa dos serviços educativos da Gulbenkian que estava a decorrer tinha a participação de cerca de uma dúzia de crianças, mas todas raparigas. Não me contive e falei nisso a uma animadora do grupo. Disse-me que foi um acaso, porque geralmente a distribuição meninos/meninas é mais equitativa.
E eu saí mais animada. Ou menos perturbada.

 
 
 
 
 
 

terça-feira, abril 01, 2014

O livro, a leitura, os escravos de ontem e de hoje












 
 
 
 
 
 
 
Uma criança pergunta ao seu avô:
- Porque começas todas as histórias por “era uma vez”?
- Para ter a certeza – disse o avô – de não me enganar nas datas.
(Recolhido por Jean-Claude Carrière)

 
1. Era uma vez, pois bem.

Em alguns países, em tempos não muito antigos, entre os castigos mais violentos estava este: quando algum escravo era apanhado a aprender a ler, era chicoteado dezenas de vezes. Um castigo muitíssimo severo. Ler era mais grave do que roubar.

Começar a ler era como começar a preparara a fuga. Começar a preparar a vontade de fuga, a necessidade de fuga. Eis o mais perigoso. Aprender a ler era como treinar os músculos da perna da fuga ou como treinar a disparar a arma que ameaçará o dono.

Eis, pois, o perigo – o livro. Objecto que era sempre colocado longe dos escravos (como se fosse uma arma, precisamente).

Aprender a ler era para levar a sério, era uma forma de contestação. Não era uma atividade de crianças. Era uma atividade que anunciava um homem forte.
Era, pois, para começar, uma possível definição de livro: um objecto que tem a potência de libertar da escravidão.

Gonçalo M. Tavares
Catálogo da exposição “Tarefas Infinitas”, FCG, 1012

 
Notícia dos modernos escravos que não quiseram aprender a ler:

"Em Marselha, Stéphane Ravier da Frente Nacional, foi eleito com votos de magrebinos, a população desprezada pela Frente Nacional."
Público, 31 Março 2014

 
Imagem: peça de Fernanda Fragateiro (1962), Estante e colecção de livros de autores que se suicidaram, 2000, exposta na mesma exposição “Tarefas Infinitas”, FCG, 1012


 

segunda-feira, março 31, 2014

"Os Czares e o Oriente"










 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recomenda-se muito.
 
Uma exposição que não nos pede nada mais que os olhos, e só para os encantar.
 
Na galeria de exposições temporárias do Museu Gulbenkian, “Os Czares e o Oriente” – Ofertas da Turquia e do Irão no Kremlin de Moscovo.
 
Ao domingo de manhã a entrada é livre. E está cheia!
 
Nota: imagem retirada do site da FCG
 

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Há os labregos, e há os outros











E o tema da semana passada foi: Miró e as telas do BPN.
No Público de ontem li, vindas de João Fernandes, ex-director do Museu de Serralves e actual director adjunto do Museu Rainha Sofia em Madrid, as mais sensatas opiniões sobre o assunto.

Resumidamente, responde ele:

As telas formam uma colecção?
Não, porque não constituem um núcleo coeso e coerente.
São todas da mesma qualidade?
Não. E o conjunto é menos bom que algumas telas isoladamente.
Devemos vender ou guardar?
Devemos ficar com as mais representativas.
E, se assim fosse, o que fazer com elas?
Depende do que o Estado quer para cada um dos seus museus de arte moderna e contemporânea. É preciso definir uma estratégia para esta área, disse.

Ora aqui é que a porca torce o rabo, digo eu.

Estando fora, é natural que o João Fernandes não se aperceba completamente do que por cá já todos entendemos − política do governo, mesmo, a sério, só há uma: a defesa dos credores.
Depois, há umas políticas avulsas para destruir, tão rápido quanto possível, a saúde, a educação, a ciência, o valor do trabalho e a segurança social.

Quanto à cultura, não há, sequer, política; nem para as artes, nem para os museus, nem para coisíssima nenhuma.

No lugar da política cultural temos agora um bando de labregos pouco sérios que torpedeiam as leis da república e que, sobre o que lhes competia saber, na verdade nada sabem, não querem saber e têm raiva a quem sabe.
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E agora vou andando para norte, porque não quero faltar à inauguração da exposição que se anuncia na imagem ali de cima.
É que, se os artistas presentes são bons, o curador é fantástico.
Garanto eu.

sexta-feira, novembro 08, 2013

Ver e Experienciar


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


A parte boa da década de 1960 aqui representada pelo Canavial de Albert Carneiro (1968).

Já todos passámos por este Canavial, como escreve hoje Luísa Soares de Oliveira no suplemento Ípsilon (Público); por isso, o que é novo aqui, nesta exposição, não são as obras em si, “mas a abertura de sentidos que a sua conjugação provocará”

Com obras de Pedro Diniz Reis, Susana Themlitz, Armanda Duarte, Jorge Queiroz, Pedro Sousa Vieira, João Queiroz, rui Toscano, Alberto Carneiro, António Ole, Lourdes Castro, José Escada, Bruno Pacheco, Helena Almeida, Ana Jotta, Gaëtan, Jorge Molder, Julião Sarmento, Álvaro Lapa, Francisco Tropa, Noronha da Costa,, Rui Sanches, Rui Chafes, Michael Biberstein, Ana Vieira, Pedro Cabrita Reis, José Pedro Croft, José Loureiro e René Bértholo, a exposição “Sentido em deriva”  é o olhar do curador Bruno Marchand sobre a colecção da Culturgest (CGD), e a sua proposta para que a nossa visita, muito mais do que o mero acto de ver, seja uma experiência e uma descoberta dos possíveis, e surpreendentes, diálogos entre obras e artistas.

Uma coisa boa para ver em Lisboa.
 
 
 
 
Culturgest/Lisboa, até 12 de Janeiro 2014
Ao domingo a entrada é livre.

 

 

sexta-feira, novembro 16, 2012

A ver o mar

   
Na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Gulbenkian há para ver a excelente exposição denominada As Idades do Mar.
 
Dividida em seis núcleos − A Idade dos Mitos; A Idade do Poder; A Idade do Trabalho; A Idade das Tormentas; A Idade Efémera; A Idade Infinita, apresenta mais de 100 obras de 89 autores, dos séculos XVI ao XX, oriundas de 51 instituições nacionais e estrangeiras.
 
Nem todos os dias podemos ver obras de Turner, Constable, Friedrich, Courbet, Boudin, Manet, Monet, Klee, De Chirico ou Hopper, ao lado de Nikias Skapinakis, Vieira da Silva ou Menez.
 
Apesar de a cor, a pincelada forte e a representação serem predominantes nesta exposição, escolho, para a ilustrar, um pequeno trabalho (giz sobre papel sobre cartão, 1939) de Paul Klee, intitulado Barcos em Movimento.
 
O que me deixou “pregada” a ele, foi a espantosa relação entre a economia de meios usados pelo artista e o resultado final alcançado − movimento e equilíbrio com meia dúzia de traços.
 
A imagem foi retirada do site da FCB.
Aos domingos a entrada é livre, e há mais vida para além de…


sexta-feira, setembro 21, 2012

Exposição

Abre hoje às 22h00 a exposição de Renato Ferrão no Chiado 8

Lendo o texto do convite, aqui transcrito, parece uma exposição que tem tudo a ver com os tempos actuais.

Texto do convite

A ideia de tensão faz parte do conjunto de interesses que tem dominado as preocupações artísticas de Renato Ferrão (Vila Nova de Famalicão, 1975). Uma parte significativa das obras que apresentou nos últimos anos explorava aquele fenómeno através de instalações nas quais objetos quotidianos eram suspensos por intermédio de cabos extensores, por vezes mesmo, de simples elásticos, criando um jogo de dinâmicas que desafiava as leis da física e reagia às características arquitetónicas das salas de exposição. Extrapolando o seu resultado visual, estas explorações concorriam num efeito que confrontava o corpo do espectador na forma de uma ameaça iminente: se, por um lado, a rutura daqueles objetos parecia ser um dado a comprovar a qualquer momento, por outro, a sua confirmação comportava um risco evidente para a integridade de todo o espectador apanhado na trajetória daquela anunciada desagregação.
O projeto que Renato Ferrão traz ao Chiado 8 amplia significativamente os processos que tem desenvolvido nesta área, juntando-lhes outros dois dos seus interesses diletos: a mecânica interna dos objetos funcionais e a qualidade da luz como a mais abstrata e a menos tangível das matérias artísticas. Partindo de objetos compósitos formados pela associação de componentes avulsos, esta exposição coloca o espectador no centro de um universo onde a destabilização dos primados escultóricos e a velada sugestão cinética oferecem vislumbres claros da violência que se insinua por entre toda a tensão.
Renato Ferrão é licenciado em Escultura pela Faculdade de Belas-Artes do Porto, cidade onde vive e trabalha e onde cofundou o Salão Olímpico – espaço independente gerido e programado por artistas entre 2003 e 2006. Das suas exposições individuais, destaque para Longa Duração, mad woman in the attic, Porto (2006), A C ack of ence, A Certain Lack of Coherence, Porto (2008), Episódio 2: Senhor fantasma vamos falar, Emissores Reunidos – Fundação de Serralves, Porto (2009) e Vida Material,
Galeria Quadrado Azul, Porto (2010). Em 2010 foi-lhe atribuído o prémio de Artes Plásticas União Latina.

Texto e curadoria de Bruno Marchand

terça-feira, agosto 21, 2012

Há mais pérolas

Sim, há mais pérolas escondidas na silly season.

Quem gosta mesmo de pintura, não tem hoje muitas oportunidades de ver uma exposição só de pintura e de grande qualidade.

Contudo, até 31 de Agosto, ainda estará no Chiado 8 a exposição de Pedro Casqueiro (exclusivamente pintura) com o título Tríptico.

Depois duma grande ausência do circuito expositivo lisboeta, Pedro Casqueiro regressa com obras realizadas nos últimos dez anos.

Como salienta Bruno Marchand no texto do convite, “A pintura de Pedro Casqueiro (Lisboa,1959) tem sido, em grande medida, um criterioso e sofisticado jogo entre a construção de uma identidade autoral e um conjunto de reações – talvez mesmo de testes – à sobrevivência da pintura face aos mais diversos modelos e protocolos da expressão visual.”

Pedro Casqueiro continua aqui o seu trabalho/busca, e não ir ver é pecado.
Bruno Marchand continua a escrever muito bons textos de catálogo.
O Chiado 8 continua só até ao fim do ano, que isto de gastar dinheiro a mostrar arte num local nobre da cidade é “vício” de gente rica −  nós somos pobres, como se sabe.
E os mercados, também, nem apreciam.

Nota: imagem extraída do catálogo.


sexta-feira, agosto 17, 2012

Tarefas Infinitas V






















O fogo e o livro por vir

Os livros são perigosos: ateiam-nos fogo. Temíveis: por isso, são atirados ao fogo. Há uma relação íntima entre o livro, o fogo e as cinzas. Como a consciência de que o livro da nossa vida nos pode queimar. De que somos livro a ser escrito. Como um mapa aberto à viagem. A fazer-se e a desfazer-se. De um monte de palavras ou imagens, dessa matéria, formar-se-ão outros livros possíveis, ainda por vir. Ou a reler. Desconhecidos. A biblioteca interminável de Babel. Tarefas infinitas, chamou-lhes Husserl, porque não se limitam ao tempo de vida de um indivíduo e são criação comunitária. O livro, a arte, o pensamento, a ciência. Vêm de longe e dirigem-se para longe. Ao virar a página, no infinito obscuro da origem, dá-se uma explosão de luz que é começo.”

Notas: Texto que acompanha o núcleo "o fogo e o livro por vir" da exposição Tarefas Infinitas na galeria de exposições temporárias do Museu C. Gulbenkian
Imagem do catálogo: António Areal (1928-1978) Confissão tenebrosa: primeira parte da autobiografia agora em edição ilustrada pelo autor, 1971

segunda-feira, agosto 13, 2012

Tarefas Infinitas I

Para quem gosta de livros e arte há uma exposição imperdível Tarefas Infinitas – na galeria de exposições temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, até 21 de Outubro 2012.

Com curadoria de Paulo Pires do Vale, a exposição está dividida em cinco núcleos, sendo cada um deles introduzido por um pequeno texto que, aqui confesso, não sei quem escreveu – se o curador, se Gonçalo M. Tavares. De qualquer forma, gostei tanto deles como da exposição e, por isso, os vou reproduzir aqui, um por dia, demonstrando assim que a silly season pode ter pérolas dentro.



“Com o infinito nas mãos

Abrir um livro é correr o risco de encontrar o infinito. Ter ao alcance das mãos, nos limites da página, o sem-limites. E de que outro modo poderíamos nós encontrar o infinito senão no finito?
Mensurável, palpável, visível. Nesse espaço aberto e branco da página, nas suas dobras, pode surgir o sem princípio, nem fim, nem centro: o Livro infinito. Liberdade que é também desorientação: perdem-se as certezas e as referências habituais; os caminhos e sentidos bifurcam-se; a noite cerca-nos. Uma espécie de cegueira: o livro abre uma obscuridade essencial. A dos novos começos.”

Imagem do catálogo: Raymond Queneau (1903-1976), Cent mille milliards de poèmes, 1961

quarta-feira, julho 04, 2012

Eu vou

Inauguração da exposição de Pedro Casqueiro.

"Tríptico", de Pedro Casqueiro | Exposição | Chiado 8 | Curadoria: Bruno Marchand | Até 31 de agosto
Entrada Gratuita
Inauguração: 6 de julho, às 22h

Imagem "Augenblick" (pormenor), 200


terça-feira, dezembro 20, 2011

"A Natureza-Morta na Europa

Já não há muito tempo para ver esta imperdível exposição que o Museu Calouste Gulbenkiam exibe só até 8 de Janeiro 2012.

Com obras que vão de 1840 a 1955, não é todos os dias que podemos ver originais de Van Gogh, Cézanne, Magritte, Monet, Manet, Matisse, Juan Gris, Renoir, Picasso ou Braque.

Quanto à organização da exposição, pode ler-se no desdobrável (gratuito) que a acompanha:

A mostra não está organizada cronologicamente. Preferiu-se uma distribuição por temas, abordados em doze núcleos que exploram a diversidade de representação das “coisas”, deixando a escolha de um itinerário ao visitante.

Talvez por haver muito público, e a circulação não ser fácil, fica-me a dúvida se esta opção terá sido a melhor. Nada de novo, portanto; as opções do curador são sempre tão discutíveis como importantes para a leitura da exposição.

O público é muito e de todas as idades, felizmente, pelo que, a fila para entrar custou-me cerca de meia hora. Nos últimos dias promete ser pior.

Poderia agora puxar para aqui velhos lugares-comuns referindo a importância do “alimento do espírito” na dureza dos dias. Não o vou fazer.
Só que, por acaso, é mesmo verdade.


segunda-feira, dezembro 05, 2011

Há uma brisa no Chiado

Quem gosta de arte contemporânea e a frequenta, sabe que hoje os artistas, geralmente, não nos dão a ver. Propõem-nos experienciar, deixando, no seu trabalho, uma larga margem para a sensibilidade e subjectividade de cada um, sendo apenas conveniente ir preparado para ver com algo mais do que os olhos.

É o que acontece, mais uma vez, no Chiado 8, onde se pode visitar, até 30 de Dezembro, MA-A Dança dos Pirilampos de Pedro Morais (Lisboa 1944).
Não será, verdadeiramente, uma instalação, nem pintura, nem escultura mas talvez tudo isso em simultâneo.

Há um corredor para percorrer solitariamente na expectativa do que se seguirá, há uma espécie de pintura azul e negra que, ao caminhar, vamos vislumbrando; uns passos à frente, encontramos um enorme cubo azul com uma fenda negra e longitudinal assente em pó de pedra branco. Se nos aproximarmos mais e espreitarmos pela fenda, temos um pouco do tempo suspenso duma noite, talvez de verão, com uma suave brisa e uma dança de pirilampos.

É uma pequena viagem. Dura apenas um instante.
Ao viajante pede-se, tão só, que a empreenda sem guia, sem roteiro e sem preconceito.
No Chiado, há uma brisa à nossa espera.

sexta-feira, novembro 25, 2011

“Plegaria Muda”

A informação que temos, à partida, é que se trata de uma instalação de Doris Salcedo no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian.

Quando entramos na nave central do CAM, a sensação que temos é que chegámos a um lugar inventado por Doris Salcedo, como um memorial.
A instalação remete para a abertura duma vala comum na Colômbia, país da artista, onde se encontravam os corpos de 162 jovens mortos por um exército mercenário.

Com base nessa dolorosa e violenta vivência, a artista empilhou, duas a duas, 162 mesas. Entre elas, terra amassada onde se detectam pequenas raízes, e de cada mesa superior saem pequenas folhas de relva. Assim se constitui um labirinto que somos forçados a percorrer na sua interminável repetição.
É como visitar um cemitério (e os pés das mesas, no seu conjunto, lembram os alinhamentos das lápides nos cemitérios), onde não jaz ninguém que a gente conheça, mas onde mais não cabe que o silêncio ou uma “oração muda” .

Percorrendo o labirinto percebe-se a justeza do que Nuno Crespo escreveu no Ípsilon de 11 de Novembro –“A história do trabalho de Doris Salcedo é a história dos lugares em que a felicidade é um luxo e a tragédia humana quotidiana.”


No piso superior pode ver-se outra exposição – “Paisagem na colecção do CAM”. Com obras que vão de Amadeo de Souza-Cardoso aos jovens Nuno Cera ou Gabriela Albergaria, destaco, por gosto pessoal, 14 fabulosas aguarelas (de 1980) de Fernando Calhau. Se mais não houvesse, mas há, só por elas, vale a pena subir a escada.

sábado, novembro 05, 2011

UTILITAS INTERRUPTA

O homem sonha, a obra nasce. Às vezes não serve para nada, não se completa ou, completando-se, ninguém a quer – seja desde o seu início ou com o decorrer do tempo.
UTILITAS INTERRUPTA é o título da exposição que se mostra na Mãe d’Água e no museu Vieira da Silva, no âmbito da Experimenta Design 2011.
Projectos megalómanos, espalhados um pouco por todo o mundo, uns falharam à nascença, outros foram levados até ao fim mas ficaram useless.
Impressionantes na sua grande maioria, por vezes  chegam a ser cómicos de tão disparatados, como é o caso dos 700 000 bunkers mandados construir por Enver Hoxha na Albânia dos anos 80 ( 1 para cada 4 habitantes) e que se destinavam à protecção dos albaneses em caso de invasão estrangeira.
Uma exposição para o grande público em dois locais de Lisboa onde é sempre agradável voltar.
Preço: 3 euros