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segunda-feira, outubro 22, 2012

Sou um estado de alma

Os alentejanos gostam de dizer que “ser alentejano é um estado de alma”.

Nós, alentejanos, somos comedores de pão, inventores da cozinha do nada e do “cante”, gente curtida pelo desalmado sol de verão e “enrijada “ pelas manhãs de geada, contadores de anedotas sobre nós mesmos, geralmente curtas, incisivas e espelho do destinatário, somos de poucas palavras e, regra geral, não temos pressa.
Somos, sobretudo, orgulhosos do que somos, e temos a particularidade de na lonjura nos encontrarmos, porque é sempre “já ali adiante”.

Não basta ter nascido no Alentejo para ser alentejano − pode-se sê-lo tendo nascido longe, porque ser alentejano é, de facto, um estado de alma.

Ora, se assim é, e se Relvas disse no Parlamento que não há espaço para estados de alma, a conclusão lógica, acho eu, é que não há espaço para os alentejanos.

Mas há, o ministro está enganado. O que não falta no Alentejo é espaço.

O senhor ministro que venha cá que a gente mostra-lhe a terra a perder de vista, os sobreiros, as azinheiras, os “montes”, a vinha, as oliveiras, as ovelhitas a pastar, tudo à larga.

E mais ainda: até temos umas grutas ali no Escoural que estamos mortinhos para lhe mostrar.
E pode ficar a ver o tempo que quiser, que agente fecha a porta por causa das correntes de ar que, volta não volta, se fazem sentir aqui no descampado.