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sexta-feira, maio 18, 2012

A produtividade explicada às crianças nem-nem

Hoje, por conta das coisas que me aconteceram, e influenciada pelos recentes sucessos editoriais, apeteceu-me escrever, não um livro, mas umas palavrinhas sob o título “A produtividade explicada às crianças nem-nem, ou seja, nem de direita nem de esquerda”
Amiguinhos, isto por aqui funciona mais ou menos assim:

Se mandarmos fazer uma chave, é muito raro que ela rode na fechadura; geralmente temos que voltar à loja para dar “uma afinadela”,

Se chamarmos um operário ou técnico a casa, não falha que nos peça qualquer coisa; pode ser o martelo, o escadote ou a chave inglesa, e se não tivermos ele vai buscar e só volta quando deus quiser.

Quando chega a altura do IRS há um monte de telefonemas que é preciso fazer porque ninguém enviou os papéis que a lei diz que tem que enviar. Quando vamos buscar qualquer coisa no dia aprazado é muito raro que esteja pronta. Venha amanhã, pode ser?

Quando vamos a uma repartição pública, nunca vamos só uma vez porque falta sempre qualquer documento ou oficiozinho.

Se pretendermos contactar fulano ou sicrano ele está sempre em reunião; isso exige vários telefonemas mas alguma vez ele há-de atender.

Se se precisar preencher um formulário na internet, o servidor está sempre demasiado ocupado.

Daí, quando perguntamos a alguém “como está?” a resposta é, só pode ser, “vamos andando”. E podem acreditar que andamos mesmo muito.
Como vêem, amiguinhos, os números da produtividade que nos mostram são muito mentirosos, porque nós não paramos e andamos sempre cansados.
Sei que é assim, mas sobre as causas disto tudo nada digo porque só tenho umas desconfianças que podem nem ser verdadeiras, e eu não Minto, não Engano, não Ludibrio.

Quê, não sabem o que é “ludibrio”?
Meus queridos, perguntem ao avô porque o vosso pai deve estar em reunião e eu agora tenho que ir “afinar” a chave.


sexta-feira, outubro 21, 2011

A rua desfila por "naipes"

Três dias depois da manifestação de 15 de Outubro, o PCP realizou também a sua “passeata do contra”, desta feita descendo o Chiado, tal como nas festas de fim de campanha eleitoral.

O PCP não gosta de misturas, nunca gostou, e se algo lhe parece ideologicamente não puro, dá um passo atrás e exorciza – arreda Satanás!
Por isso nunca dá o seu apoio ao que quer que seja que nasça fora da sua sede ou da da CGTP.
Com esta incapacidade de unir as esquerdas em Portugal, os nossos “revolucionários” instalaram-se a conversar no Facebook e, para os simples mortais, o inimigo transformou-se num vago “eles” – o governo, a troika, o patrão, o capital financeiro, as agências de rating, a Europa, em suma, o mundo.
Temos então a rua, num momento destes, a desfilar por “naipes”, sem estratégia, sem coesão, sem objectivo claro e palpável (ser só do contra não basta), o que nos faz parecer um bando de miúdos a brincar às guerras.
Se nada mudar, “eles” vão olhar e sorrir, passar-nos-ão a mãozinha pela cabeça com bonomia e pensarão – lindos meninos, é assim mesmo que os queremos.

sexta-feira, junho 03, 2011

TAP

Desde que me conheço que me defino como uma pessoa de esquerda. Apesar de a esquerda ter perdido a bússola em 1989 e de ainda andar à procura do caminho, há alguns valores que considero inequivocamente como de esquerda – a defesa de quem trabalha e a garantia dos seus direitos, a defesa dos mais pobres, a justa distribuição da riqueza criada, a igualdade de oportunidades no ensino, na saúde e na justiça, para só referir alguns.
Considero o direito à greve como um direito inalienável e, apesar dos incómodos geralmente causados a quem não o merece, também acho que, se não causar incómodo, não serve para nada. Dentro, ainda, do pensamento de esquerda, acho que algumas empresas e setores, ainda que deficitários, não devem ser privatizados porque prestam um serviço público que cabe ao Estado assegurar. É para isso que pagamos impostos.
Tudo isto muda, para mim, quando se trata da TAP, empresa de que muito me orgulhei durante muitos anos. De há um tempo para cá, os sindicatos da empresa parecem ter entrado numa roda livre de pensamento alienado da realidade que vivemos.
Todos nós, durante anos, metemos muitos milhões dos nossos impostos na empresa para que ela sobrevivesse; conseguimo-lo, ao mesmo tempo que se conseguiu assegurar condições de trabalho e salário dignas e bastante acima da média nacional. Agora, confesso, estou farta.
A próxima greve anunciada vai estender-se por dez dias e causar um prejuízo de 50 milhões de euros (5 milhões por dia), vai afetar a vida de 350 000 passageiros e tudo isto porquê? Porque em cada voo vai ser retirado um tripulante de cabine.
No momento em que mais de 12% dos portugueses estão desempregados, muitíssimos trabalham sem receber, muitíssimos fazem horas extraordinárias à borla, quando todos sabemos que a “coisa tá preta” e que a vida vai ser cada vez mais difícil, o pessoal de voo da TAP entende que não pode prescindir dum tripulante por voo para fazer aquele extenuante trabalho de nos servir uma comidinha de plástico e ficar a ver se o velhote consegue meter a mala na bagageira para depois apenas verificar se está bem fechada.
Meus senhores, estou farta das vossas birras e caprichos.
Senhores do próximo governo, por favor privatizem a TAP o mais depressa possível.
Ele que façam greve com novo patrão que os ajudará a descer à terra. Por mim, não quero mais ser dona dessa empresa.