Já hoje vi escrito
que ainda um dia me vão perguntar onde é que eu estava na noite de 21 de
Novembro 2013, dada a importância da data.
Peço licença
para discordar da importância e responderei, na eventualidade pouco provável de
a pergunta vir a ser feita, que estava em casa a ver televisão. E o que viram
os meus olhos?
Uma
coreografia policial de pouca qualidade.
Eles
subiram, confraternizaram com beijos, abraços e apertos de mão, desceram, e
foram jantar que já se fazia tarde.
Foi giro, e
eu até fiquei ali um bocado diante da televisão a ver se, afinal, era a bófia
que ia rebentar com aquilo tudo, mas qual quê?
Estavam combinados,
são todos amigos e gente de paz. Só não sei com que argumentos irão dar na
cabeça dos próximos que quiserem subir as escadas.
Também vi,
claro, Mário Soares a gritar “às armas” na sua peculiar forma de cantar o hino,
e nele vi ainda um idoso, bastante idoso, com muita raiva e cheio de ódio ao
outro homem que agora ocupa o lugar que já foi seu – a Presidência da
República.
A sala
estava cheia de gente duma faixa etária que a coloca mais p’ra lá do que p’ra
cá, e que não tenho a certeza que tenha percebido o quanto o mundo mudou, e com
ele as pessoas, evidentemente, as suas opções e as suas formas de participação
cívica.
De qualquer
forma, aquilo deve ter sido um serão tão agradável como inócuo; a prova disso
está na ausência de chamadas de capa para a notícia em todos os jornais do dia
(apenas o DN o faz).
Devo estar a
ficar demasiado céptica, quando não cínica, porque os acontecimentos de 21 de
Novembro, aos meus olhos, nada mais foram do que risíveis, e amanhã já ninguém
se lembra.