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domingo, abril 24, 2022

Ainda a França - Jacques Rancière

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Onde Le Pen e Macron lideram as intenções de voto.

Em França, governa um partido de direita e a oposição é da extrema-direita. Isto significa que a oposição não está a ser liderada pela esperança, mas pelo ressentimento. É um fenómeno significativo, o ressentimento, e tudo aquilo que ele gera.

Quer explicar?

Em tempos, houve um conjunto de ideais que tentaram opor-se à ordem capitalista. Hoje, essa oposição surge não no sentido de mudar a situação ou de incomodar a ordem dominante, mas como uma espécie de desespero que se traduz em ressentimento, que por sua vez se traduz em xenofobia, racismo, segregação. Em última instância, procura-se encontrar um ‘responsável’. Não havendo mudança possível, é preciso alguém em quem depositar a culpa.

Excerto da entrevista publicada no Expresso de 23 Abril 2022

domingo, abril 03, 2022

Da propaganda


 A chamada propaganda política feita pelos partidos que não levam a mal as ditaduras, tem evoluído pouco. Arrebanha-se um punhado de jovens e jovens adultos e bate-se a chapa com os devidos meios de identificação.

Esta imagem é da campanha de Orbán na Hungria (eleições hoje) e tirei-a do Expresso.

Uma pessoa olha e pensa:  Ó pra eles tão arrumados, bem vestidos, penteados, banho tomado, maquilhagem discreta, barba aparada, ar saudável. Caramba, a Hungria está cheia de jovens que estudaram em Oxford e foram logo trabalhar para importantes consultoras.

Só que não.

sábado, outubro 23, 2021

Se

Se PCP e BE não deixarem passar o Orçamento de Estado, se o governo cair, se houver eleições, os partidos de esquerda que não contem com o meu voto, nem, certamente, com o de muitas outras pessoas como eu porque, ao contrário do que eles pensam:

- o óptimo é inimigo do bom

- um Orçamento de Estado não é um programa de governo

- o programa de governo que ganhou as eleições (e em que não votei) foi o do PS

- o governo actual é melhor do que um governo do PSD e amigos, seja o do Rio seja o do Rangel.

Se PCP e Bloco fizerem cair o governo, ao contrário do que pensam, nas eleições levarão uma banhada, e talvez depois a esquerda precise de uma década para se levantar, ou talvez não se levante mais.

Não terão o meu voto. Nenhum deles.

sexta-feira, agosto 02, 2013

Serão só dificuldades de aprendizagem ou será mesmo burrice?














daqui

Ao fim de dois anos governados por uma incompetente comissão liquidatária do PSD, se houvesse hoje eleições os portugueses deixariam o PSD a três míseros pontinhos do PS.

Alguém que arranje umas explicações para os miúdos lá no Rato porque eles estão com sérias dificuldades em assimilar a matéria.
Ainda chumbam.


terça-feira, maio 08, 2012

Correr na relva

Nunca sabemos se o novo será melhor, pior, ou apenas diferente. Nem sequer sabemos se o novo será realmente novo.

Nunca saberemos se o que não foi seria o que dele esperávamos, e não é raro que o que é se revele diferente daquilo que era suposto ser.

Contudo, há momentos em que mudar é tudo o que queremos, e o novo traz de volta alguma leveza juvenil, limpa, clara, sem reservas.

Há momentos em que a mera mudança nos devolve uma esperança tão bem guardada que quase nem sabíamos que ainda dormia numa gaveta em nós.

As eleições em França e na Grécia abrem uma larga porta para dúvidas e conjecturas, mas também abriram uma pequena fresta dessa gaveta esquecida.

Algo se moveu e, por um momento, apenas um momento, saí do pântano e corri na relva com os pés descalços.

terça-feira, junho 07, 2011

O discurso do derrotado

José Sócrates perdeu, e muito bem, as eleições. Porém, o seu discurso de derrota foi, talvez, o melhor que alguma vez proferiu. Ao contrário do discurso de victória de Passos Coelho, maçador e sem chama, que provocou a debandada da família em poucos minutos, o de Sócrates, que todos queríamos ver arredado do poder, manteve-nos a todos sentadinhos e em silêncio.
O homem é um animal político (ainda que de má qualidade) e embora não o tenha dito claramente como o outro, a mensagem subliminar estava lá – ele vai andar por aí.
Já uma vez aqui o classifiquei como Sócrates, o mau aluno de Guterres e agora é só esperar para ver.
Mas, quanto ao discurso, foi “Porreiro, pá!”

sábado, junho 04, 2011

Reflectindo

É dia de reflexão e eu estou a fazê-la esforçadamente.

Sei, porém, que, seja qual for o resultado das eleições de amanhã, na 2ª feira este blogue vai estar de luto (ou deverei dizer nojo?), pelo que, não comparecerá.

quinta-feira, junho 02, 2011

Malevolamente curiosa, fui ver.

Aqui na minha paróquia, quer dizer, o meu círculo eleitoral, a bem dizer nem se dá pela campanha eleitoral. Os partidos foram sensíveis aos apelos de poupança e quase não usaram publicidade no espaço público. Por mim, acho bem, poupa-se dinheiro e lixo que costuma ficar por aí a esvoaçar durante meses.
A poupança foi ainda mais longe e, posso garantir, na minha caixa de correio não entrou nem um papelucho partidário.
Todos sabemos que o sistema parlamentar em que vivemos, em que supostamente os deputados que elegemos nos representam, também é uma treta; eles representam apenas os seus partidos.
Como tenho parado pouco por aqui, e na presença de tanta falta de informação, resolvi procurar saber na internet quem são os candidatos que representam os partidos que me podem representar na democracia representativa. Oh! surpresa das surpresas – pelos partidos que elegem, são os mesmos de sempre, quanto aos que não elegem, não os conheço e acho que eles não se deram a conhecer.
Parece-me natural que assim seja; no país não mudou nada, o futuro apresenta-se risonho, e por isso…siga o baile.

segunda-feira, maio 30, 2011

"Sem Tecto Entre Ruínas"

Em 37 anos de democracia e de eleições, nunca me lembro de sentir uma tão grande aflição para decidir o meu voto.
Já vivi outras vindas do FMI, já vivi crises de toda a espécie, mas, honestamente, penso que os anos que se aproximam não se comparam com nada do que já conheci.
Nas outras crises com intervenção externa, o país tinha mecanismos de que hoje, por via do euro, não dispõe. Mesmo sem nada saber de economia, lembro-me das desvalorizações da moeda, da venda do ouro, da emissão de moeda pelo Banco de Portugal. Tudo isso hoje nos está vedado, restando um empréstimo externo concedido por alguém que não nos grama, tais as condições que exigiu.
Poderá pensar-se que ao próximo governo apenas lhe resta aplicar o plano dos prestamistas, mas não será exactamente assim. Ainda haverá coisas que podem ser decididas com mais ou menos sensatez, com mais ou menos liberalismo.
Daí, a enorme aflição que sinto quando olho para os dois putativos candidatos a primeiro-ministro.
Os erros de Sócrates são inúmeros e imensos; pior, o país não acredita nele, a toda a hora se brinca com as mentiras de Sócrates - do alto quadro empresarial à peixeira todos o acham um mentiroso. Pode um homem nesta situação continuar a governar o país? Não merece ser fortemente castigado nas urnas? Pode governar o país nos tempos difíceis que estão a chegar? Pode o povo português reconduzi-lo como quem diz “faça favor de continuar, nós tudo esquecemos e perdoamos”?  Podemos, se tal acontecer, considerar que vivemos numa democracia adulta e viável?
Quanto a Passos Coelho não há palavras para descrever o que temos visto e ouvido nos últimos tempos. Pode um homem que já disse mil coisas e seu contrário (tal e qual como Sócrates) merecer-nos alguma credibilidade? Pode um homem que está na política desde a pré-primária, como já aqui escrevi, estar tão impreparado para ser governante? Que andou ele a fazer desde que tomou posse do cargo? A pensar no país certamente que não foi porque cada dia tem uma ideia e um discurso diferente. Mente, sorri, diz e desdiz, ouve todos os conselheiros dos quais devia fugir, quer apanhar votos de todos os lados e fica “nem pão, nem bolo”. Em 3 dias disse sobre o aborto o contrário do que costumava dizer e quanto aos 10 ministros apenas, assim que Cavaco disse que era pouco apressou-se a remendar o que antes tinha dito. Isto para só falar dos últimos dias. Quem é este homem, alguém sabe? Mas, pode um homem assim merecer a confiança do país para governar? Não nos sairá outro Sócrates apenas ainda mais liberal?  Pelo menos quanto ao carácter, parece que estão empatados, mesmo sem sondagem. 
Os partidos à esquerda do PS também se acomodaram no facilitismo, limitando-se vezes de mais a ser apenas do contra, e a dar uns tirinhos no pé de vez em quando. Se eles congregam 20% dos eleitores, precisam de saber quem são, o que sentem, e parar com o infantil “quanto pior, melhor” que já fez escola mas já não faz.
Roubando o título de um livro de Augusto Abelaira, sinto-me “Sem tecto, entre ruínas”.
Pior, sinto-me também sem chão.

sexta-feira, maio 20, 2011

O candidato semi

Há nestas eleições um candidato semi-trabalhista, semi-nacionalista, semi-democrático, semi-apalermado, semi-analfabeto, semi-apalhaçado,  semi-contente, semi-pensante, semi-troglodita, semi-tiririca, semi-boçal, semi-trapalhão, semi-ridículo, semi-presunçoso, semi-ingénuo, mas completamente populista.
Trata-se, claro está, do candidato José Manuel Coelho.
A ignorância é muito atrevida, como se sabe, mas o caso não é grave porque viver em democracia é também isso.
Grave mesmo é que 180 000 portugueses se tenham revisto nele durante a campanha para as presidenciais, e o tenham julgado digno do seu voto. Quantos serão desta vez?

segunda-feira, abril 18, 2011

Misteriosa magia da cadeira

A magia da chamada “cadeira do poder” sempre foi, e continua a ser, para mim, um verdadeiro mistério.
Quem nela se senta não a quer largar nem a camartelo. Pode sofrer os maiores desaires, humilhações, intromissões, engolir sapos mas deixá-la…deus os livre.
Há o poder real, o pequeno poder e o hipotético poder, mas todos parecem ser irresistíveis.
Sócrates tem passado as passinhas do Algarve, é talvez o político português mais mal tratado no pós-25 de Abril, acusado de tudo e mais um par de botas, mas não larga a cadeira.
Passos Coelho, que parece ser um homem de grande visão política e que ainda não chegou ao poder já está a dizer mentiras demonstráveis (não foi avisado do PEC IV, afinal houve um telefonema, não, afinal houve mesmo uma reunião), sonha todas as noites com a cadeira e não lhe chega a hora de tomar assento.
Cavaco sentou-se nela e quis voltar a sentar-se, só mesmo para se sentar; até me faz lembrar o Grande Chefe Boi Sentado. Tomou assento e ficou sossegadito, como quem diz – briguem-se para aí à vontade que daqui ninguém me tira; ganhei a cadeira, era só o que eu queria.
Fernando Nobre lutou pela mesma cadeira assegurando que não queria nada com os partidos, só com os cidadãos. Perdeu essa cadeira mas, quando lhe acenaram com a cadeira central do hemiciclo de S. Bento disse logo que sim. Mais vale uma cadeira no traseiro que duas a voar. Nem conhece o programa pelo qual vai fazer campanha, ele só quer mesmo é a cadeira.
Basílio Horta, que chegou a ser líder do CDS, na eminência de perder o lugar de presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo vai ser candidato a deputado por Leiria, nas listas do PS, para não ficar sem cadeira.
Na demanda de cadeira similar, Ferro Rodrigues, político de esquerda que veio do MES para o PS, depois dum exílio dourado na OCDE em Paris, exílio que não podia durar o resto da sua vida, volta para ser cabeça de lista do PS por Lisboa. Pode dizer-se que esse é do PS mas, com mil diabos, não precisava de ser do PS de Sócrates. Mas então, e a cadeira?
Não saberão fazer mais nada? Se calhar até sabem mas, embora para mim continue um mistério insondável, está visto que a poção mágica da cadeira é mesmo muito poderosa.
Quase veneno, ou “substância ilícita” altamente viciante.