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quarta-feira, fevereiro 13, 2013

A Foz no poder

Nos anos de 1970 eu não gostava nada do Porto. Só ali via uma cidade cinzenta, suja, muita pedra bruta e mal cuidada.

Depois o Porto começou a aclarar, a limpar-se, ajardinar-se, cultivar-se, a democratizar-se, com perda de poder relativo da Foz, e eu comecei a gostar.

Há 12 anos, as gentes do Porto deram em recuar, elegendo repetidamente um nortista/elitista. Eu comecei a perder-lhes um pouco o respeito, mas dei de barato que lá teriam razões que eu desconhecia.

A notícia da senhora de 79 anos que foi despejada da sua habitação social por não ter respondido ao inquérito que a Câmara do Porto lhe enviou mostra-me que não vou gostar nunca do Rio, muito menos agora que ele tem que ir embora do Norte e pode assombrar o Sul.

Porque não terá respondido a senhora? Para Rui Rio parece haver uma única resposta:

Não respondeu porque não quis, e por isso, rua.

Eu pergunto: a senhora sabe ler? E sabendo ler consegue interpretar o que está escrito? E o filho que com ela mora, toxicodependente em recuperação, é capaz de tomar conta da sua vida e da da sua mãe?

Quantas assistentes sociais tem a Câmara do Porto para acompanharem casos destes? Acompanharam? Ensinaram? Alertaram? Ajudaram? E a Junta de Freguesia, para que serve numa cidade se não for para estar mais perto e apoiar os mais desprotegidos?

Finalmente, o senhor presidente da Câmara, eleito pelo povo, não teve nenhum sobressalto cívico quando deu ordem de despejo a uma munícipe de 79 anos?

Orgulhosas gentes do Porto: ides continuar a entregar o poder à Foz?
É que, caso ainda não tenhais entendido, a Foz gosta do poder mas não gosta de vós.