Na semana passada, circulava no FacebooK a verdadeira caça
ao polícia, o tal que andou pelo Chiado à bastonada. Critiquei a atitude aqui. Segundo notícia de ontem, o MAI decidiu abrir um processo
disciplinar ao referido agente da PSP, e é assim que deve ser.
Agora, a propósito da vinda ao Coliseu do repelente rapper Sizzla, que incita o público a
matar homossexuais, pergunta-se se alguém sabe quem é o dono do Coliseu.
Há na pergunta uma velada ameaça, como quem diz – “vamos-te
fazer a cama, porque contratas um tipo execrável, de quem não gostamos”.
Se, na política, há evidentes sinais de deterioração da
democracia, na sociedade civil não há menos.
Acho normal um movimento de repúdio pela contratação de tal
personagem, e também acho normal que declaremos alto e bom som que, para nós,
alguns visitantes não são bem-vindos.
Porém, já não acho nada normal, ao contrário, acho preocupante,
que se fulanizem assim ideias políticas e causas. E isto está a ficar demasiado
frequente.
Tenho o direito de dizer que, para mim, Sizzla não é
bem-vindo, e que não gosto mesmo nada dum empresário voraz que o contrata mas,
é tudo; aí acabam os meus direitos.
Pode argumentar-se que tudo não passa de brincadeira ou
leviandade de espíritos “revolucionários”, mas continuo a achar que, mesmo
nesse caso, são coisas que passam pela cabeça das pessoas, são sinais, e de muito mau gosto.
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quinta-feira, abril 05, 2012
segunda-feira, fevereiro 06, 2012
Bandarilhas do nosso contentamento
Nós, portugueses, temos um estranho sentido quer de educação, quer de democracia.
Podemos não cumprimentar o vizinho, sujar o espaço público com o talão do multibanco e os dejetos do nosso cão, estacionar ocupando o lugar de três carros, não devolver chamadas telefónicas feitas, faltar aos compromissos assumidos e nem dizer água vai, soltar as crianças nos restaurantes como se estivessem no parque infantil, “atropelar” o idoso lento que vai à nossa frente, conduzir como assassinos, mas não podemos criticar ninguém, exceto os políticos.
Também não temos o hábito de louvar ninguém, exceto os jogadores de futebol.
Para nós, na maioria das vezes, crítica é sinónimo de ofensa, contundência é má-educação, da polémica fugimos como o diabo foge da cruz, e se ousássemos a antiga “bengalada” alguém ligaria para o 112.
Entendemos o democrático direito à opinião duma maneira beata, e expressar com veemência o desacordo é considerado impertinência de mau-gosto, se não mesmo injúria.
Mas isso é só o que se vê à superfície, o que gostamos de mostrar.
No fundo, continuamos a gostar de tourada, arena e sangue, mas na bancada. É de lá que gostamos de aplaudir aquelas almas simples que se dispõem a espetar as bandarilhas do nosso contentamento.
Respeitinho e dissimulação. Assim fomos moldados por 48 anos de ditadura, e assim continuamos.
Acredito que um dia passará. Mas leva tempo.Nota: este post surge, não como resposta mas como reflexão, sobre a caixa de comentário do post abaixo
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