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terça-feira, setembro 17, 2013

Todas iguais, todas diferentes

















 
Pertenço à enorme multidão de mulheres portuguesas que tem Maria como primeiro nome.

Os pais e padrinhos da minha geração foram, talvez, dos que mais abusaram dessa escolha, mas dantes todas éramos Maria e mais qualquer coisa – Isabel, Antónia, Luísa, Lourdes, Carmo, João, José, Lúcia, Etelvina, Amélia, Conceição, Fátima, Teresa, Manuela, Deolinda, e por aí.

Era por esse segundo nome que éramos chamadas, e era ele que nos distinguia − olá Isabel, olha a Antónia, viste a Luísa? chama a Lourdes, convidei a Carmo, foi a João que me disse, fui com a Zé, a Lúcia cortou o cabelo, a Etelvina teve um rapaz, a Amélia foi promovida, há que tempos não vejo a Conceição, tens falado com a Fátima?, tenho saudades da Teresa, que é feito da Manuela? e da Deolinda?

De há um tempo para cá, contudo, não sei o que deu às mulheres Marias; subitamente, e sem aviso prévio, começaram todas a renegara o seu segundo nome assumindo exclusivamente Maria, seguido do apelido.

Episódio um pouco caricato, um destes dias fui apresentada, em simultâneo, a duas Maria Matos. Perguntei se aquilo lhes tinha acontecido logo à nascença ou se o “acidente” só se dera mais tarde; disseram que foi coisa tardia porque uma nasceu Maria João Matos, a outra Maria do Rosário Matos, e em diferentes famílias.

Se eu ligar para a empresa delas e pedir para falar com a Maria Matos vão-me perguntar “qual delas?” e eu talvez tenha que responder “a dos dentes tortos”. Convenhamos que não é uma grande conversa.

Só uma perguntinha que não pretende ofender:
− Estas modas são um bocadinho aparvalhadas, não são?

Maria de Jesus Lourinho