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sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Olha, afinal também é daltónico



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sempre achei que Octávio Teixeira pertencia ao grupo minoritário de comunistas que não sofre de daltonismo e, se não consegue ver as sete cores do espectro, vê, pelo menos, umas quantas.

Foi-se-me a convicção ao ouvi-lo ontem no Conselho Superior da Antena 1.

Falando sobre a grave situação de Kiev, e também da Venezuela, Octávio Teixeira reduziu tudo aos interesses geoestratégicos das potências, e chegou a dizer que os Estados Unidos querem fazer na Venezuela o que fizeram no Chile − como se Obama fosse Nixon e nada tivesse mudado na vida, e no mundo, ao longo das vertiginosas quatro décadas que vão de 1973 e 2014.

Por sua vez, na Ucrânia, e para Octávio Teixeira, tudo se resume a uma luta entre os interesses (ilegítimos) dos Estados Unidos e da União Europeia, por um lado, e os (mais ou menos legítimos) da Rússia, por outro.

É absolutamente certo que esses interesses existem e são poderosos; é também verdade que os povos podem ser por eles instrumentalizados, mas não me parece que as pessoas, de qualquer parte do mundo, venham para a rua e lá permaneçam (sobretudo com temperaturas negativas) só porque sim.

Percebi ontem que para o comunista Octávio Teixeira há certezas que, para mim, são um pouco surpreendentes. A saber:

- os povos não “riscam” nada – é tudo geoestratégia.
- na sua visão a preto e branco, os maus são, em todas as situações, os EUA e a União Europeia.

E aqui, deixo-me rir.

É que eu ainda sou do tempo em que, sendo a União Soviética e a China irmãs desavindas, o PCP estava do lado da primeira. Quando ela se desfez em pó, passou a estar do lado do anterior inimigo, a China, indiferente ao seu capitalismo selvagem.

Agora, com a questão ucraniana, Octávio Teixeira volta à casa de partida e está do lado desse grande democrata, comunista e paladino dos direitos humanos chamado Putin.

E eu, posto isto, vou ali chorar um bocadinho que esta gente toda só me dá desgostos.