Várias
organizações, entre as quais o movimento Não
Apaguem a Memória, vão realizar, no dia 7 de Dezembro, uma sessão
comemorativa do 40º aniversário do III Congresso da Oposição Democrática
realizado em Aveiro a 7 de Abril de 1973.
Caracterizado
por uma brutal carga policial, e congregando sectores ideológicos democráticos
muito variados, aquele foi um importante momento na luta contra a ditadura.
Uma frase
proferida por Pacheco Pereira na reunião das esquerdas em defesa da Constituição,
da Democracia e do Estado Social, salvaguardando todas as enormes distâncias, lembrou-me
esse momento de 1973, quando os portugueses se dividiam em duas grandes
categorias – “da situação” e “do contra”.
Nesse “contra”
cabia tudo − socialistas, comunistas, maoístas, católicos progressistas,
sociais-democratas, democratas cristãos, trotskistas e o que mais houvesse.
Hoje,
deixando de lado a política partidária com as suas querelas, mas também com as
suas justas e indispensáveis diferenças, os cidadãos comuns agrupam-se, cada vez mais,
como em 1973 – há os “da situação” e os “do contra”.
Daí fazer,
para mim, todo o sentido a frase de Pacheco Pereira:
“Neste momento, o que
nos deve unir não é aquilo que defendemos, mas aquilo a que nos opomos".
Uma pequena
e certeira frase que contém a real dimensão do retrocesso político e
democrático português verificado em apenas dois anos e meio.