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terça-feira, maio 28, 2013

Trindade santíssima

Estava o Ministro dos Negócios Estrangeiros dum sítio sem liquidez às voltas com o magno problema de saber como resolver, sem cheta, a questão da representação do sítio na Bienal mais famosa da Europa quando lhe surge, vinda do tudo, a artista Joana que lhe diz duma assentada:

- Olhe, senhor ministro, aqui no sítio, como toda a gente sabe, “a artista sou eu” e eu quero ajudar a resolver o seu problema; por isso desde já me ofereço para representar a pátria lá na Bienal e o senhor ministro pode deixar de se preocupar que eu arranjo os patrocínios e tudo. Só lhe peço que indigite também o Miguel como comissário do nada, porque ele é um comissário muito lá de casa, sabe, e gostava.

Como todo o sítio já pôde observar, tudo em Joana é grande, incluindo o coração de talheres de plástico, e por isso ela acrescentou palavras vindas do dito:

− E olhe que ainda lhe faço mais uma atençãozinha, porque vou oferecer à sua mana Catarina a loja no deck do barquito para ela lá vender as bugigangas da A Vida portuguesa.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros soltou um suspiro que se ouviu na laguna e fechou o dossiê, não sem antes agradecer a mais que certa intervenção de Nossa Senhora de Fátima (este ministro, quando a coisa mete água e barcos agradece-lhe sempre, desde que em 2003, sendo também ministro, a mesma Senhora nos livrou do derrame de crude do Prestige, segundo o próprio).

Pessoalmente acho que, com um final feliz assim, o país inteiro deve agradecer à Senhora de Fátima mas eu não ficaria bem com a minha consciência se não lhe recomendasse também muito cuidado e olho vivo.

É que, sendo ela tão portuguesa, arrisca-se a que a Catarina a meta no cacilheiro e a venda em Veneza entre vinhos, enchidos, bordados e andorinhas.
Ou que a Joana a forre com renda de bilros.

PS: acho tudo uma vergonha.