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segunda-feira, junho 30, 2014

Bandeiras que me desconfortam














 
 
 
 
 
José Mujica, presidente do Uruguai, é uma dessas “bandeiras” da esquerda que, às vezes, me desconfortam.
 
Querido das redes sociais, exemplo a seguir, homem desprendido, a viver pobremente como o seu povo, um presidente sem mácula e, chega a parecer, concebido sem pecado.
 
Ultimamente até vi uma fotografia do senhor, de pé ao léu, à espera de ser atendido numa sala de espera dum hospital, dizia-se, junto com o resto da maralha.
Afinal, a foto foi tirada na tomada de posse de um ministro durante uma vaga de calor no Uruguai.
 
Confesso que, depois de tudo o que já li, eu também tenho estado à espera, mas é de ver anunciar que começou a fazer milagres.
 
Mujica mostrou agora, para quem quis ver – e a maioria não quis, que das duas uma: ou está um velhote tan-tan, ou é mais um populista.
 
O presidente foi, por estes dias, ao aeroporto, saudar, no regresso a casa, o tal jogador que morde nos adversários – Suárez, carinhosamente chamado lá na terra de Luisito.
No momento, comentando o caso e o castigo que lhe foi aplicado, Mujica disse barbaridades assim:
 
Não o escolhemos para ser filósofo, mecânico nem para ter bons modos. É um excelente jogador.” (aqui)
 
"Sentimos que isto é um ataque contra os pobres, porque estes golpistas não lhe perdoam [a Luis Suárez] o facto de ele não ter frequentado uma universidade, de não ter tirado um curso, e de viver naturalmente as rebeldias e as dores dos que vêm de baixo. Não entendem nada, não perdoam" (Público)
 
E assim, duma penada, José Mujica, o agricultor e ex-guerrilheiro Tupamaro , mostra que também ele não tem bons modos. Nem sequer boa formação cívica.
 
Parece que andam a propô-lo para o Nobel da Paz.
Se ajudar, o Luisito que o morda.
 

 

quinta-feira, junho 26, 2014

Notícias do jogo da bola


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No Público online de ontem, dois títulos:

Paulo Bento não se demite, aconteça o que acontecer
Paulo Bento é um bom português, digo eu; logo se via que a notícia da sua demissão era manifestamente exagerada.

 Gana envia para o Brasil 2,2 milhões de euros para os jogadores defrontarem Portugal.
O dinheiro viajou num avião fretado para o efeito e era uma exigência dos internacionais ganeses para não faltarem à partida contra os portugueses.”
Estes inteligentes ganeses não jogam fiado nem aceitam cheques.
Parece que cresceram numa taberna do Alentejo, penso eu.

Na rádio ouvi, juro que ouvi, ontem logo de manhã, um tal Ricardo Costa, afirmar que o jogo de hoje com o Gana será encarado como “o último jogo” da vida deles.
Mais disse, eu ouvi, juro que ouvi, que, durante este equiparado a último jogo da vida deles, “umas vezes estaremos por cima, outras estaremos por baixo”.

Eu acho bem. E bom. E normal!

Contudo, não querendo imiscuir-me nas preferências de cada um, atrevo-me a sugerir-vos, rapazes, que hoje, se não for grande incómodo, seja um pouco mais por cima do que por baixo.
É só para variarmos um bocadinho. Nós, e vocês.

 

 

sexta-feira, junho 20, 2014

Hoje jogo eu












 
 
 
 
 
Nas décadas de 1960 e princípio de 1970 do século passado, entre as várias actividades que arranjou para aumentar o ordenado, o meu pai foi correspondente, em Évora, do jornal “A Bola”.

Ao tempo, este era o mais respeitado jornal desportivo, sendo igualmente conhecido e reconhecido pelo seu engajamento contra a ditadura; publicava-se, salvo erro, três vezes por semana, e era recebido gratuitamente lá em casa.

Lá mais para o fim dos anos desta colaboração, meu pai sentiu-se orgulhoso e honrado por, certa vez, ter sido convidado a escrever uma coluna que, usualmente, ia rodando pelos jornalistas da redacção e que se chamava “Hoje jogo eu”.

Se bem me lembro, não escreveu sobre futebol, antes escolheu escrever sobre as qualidades humanas de um jogador do Lusitano de Évora.

Eu, no seu lugar, julgo que faria uma escolha semelhante – teria dito não ao pontapé na bola, que até pode ser artístico mas não me prende (ao contrário do que acontecia com o meu pai), e sim à parte boa, e tão profundamente humana, do que o futebol também é.

Neste, como nos outros campeonatos, o que gosto de ver é o que está antes e, se for uma final, o que está depois, isto é, a festa.

Gosto de ver as bancadas coloridas e ruidosas, gosto daquela megafesta de caras pintadas, cachecóis, bandeiras, cabeleiras e camisolas, gosto de ver os jogadores das duas equipas, ainda no túnel, aos abraços a companheiros de trabalho diário que, dentro de minutos, serão seus adversários, gosto de ver os seus saltinhos espanta-nervos, gosto da visível tensão que se lhes acumula por baixo da pele, gosto da entrada das bandeiras e das equipas, gosto dos hinos e de ver as pessoas a cantá-los, gosto do sentimento de pertença que nesse momento exibem, gosto de toda aquela sobrecarga energética. Gosto!

Este ano, gosto também de ver a determinação de brasileiros e chilenos (não sei se haverá mais), em enviar um belo manguito à FIFA enquanto cantam os seus hinos por inteiro, mesmo já sem música, porque inteira é a sua presença ali, plena de autoestima, orgulho e emoção, características de jovens países ainda capazes de todas as rebeldias.

Se procuro que nada do que é humano me seja estranho, facilmente reconheço que à volta destes grandes encontros futebolísticos há tanto de admirável como de venal, como em quase tudo na vida.
 
Por isso estamos sempre a escolher de que lado queremos jogar ou, simplesmente, ver o jogo.
“Hoje jogo eu”, e até 13 de Julho. Sempre do lado da festa.