A decisão de Mário Soares e da Associação 25 de Abril de não
participarem nas comemorações oficiais do dia 25 de Abril irritou profundamente
comentaristas, cronistas e afins. Afinal, não foi só Ricardo Costa, foram quase
todos.
Henrique Monteiro, no Expresso de 28/04/2012, lamenta que
Vasco Lourenço tenha dito que “os eleitos já não representam o povo”. Bom, eu
também acho que não é bem isso, mas todos conhecemos o jeito que Vasco Lourenço
tem para se comportar com elefante em loja de porcelana. Os eleitos representam
sempre o povo que os elegeu, podem é, uma vez eleitos, governar contra ele. É o
que está a acontecer e era o que deveria ter sido dito, mas a Associação tem o
direito de tomar as posições que entender.
Henrique Monteiro diz também que Sampaio esteve presente
porque, esse sim, sabe distinguir “o essencial do acessório”.
Não tenho tanta certeza disso.
Ainda hoje acho, contra tudo e contra todos, que ele é o
primeiro responsável pela situação em que nos encontramos.
Ao dar posse a Santana Lopes em 2004, seguindo as ordens de
Barroso, fez o país cair nos braços de Sócrates no ano seguinte. Tudo poderia
ter sido diferente (ou não, quem sabe?) mas esta decisão de Sampaio tem um peso
enorme na história recente do país, e parece estar completamente esquecida.
Sim, também Sampaio, aí, traiu a confiança de quem nele votou, dando agora ares
de virgem impoluta. Na política portuguesa não há disso.
Quanto a Mário Soares, já aqui disse que “não dá ponto sem
nó”. Depois de ter andado com Passos ao colo, infletiu o caminho e quis dar um
recado qualquer. Qual? A quem? A resposta pode não ser, para já, óbvia, mas,
mais cedo ou mais tarde perceberemos, porque Soares pode estar velho, mas parvo
é que ele não está.
Azar o de comentaristas, cronistas e afins.