O
calendário não manda nas Amigas, salvo se elas assim o decidirem.
Amigas
riem, choram, concordam, discordam, contradizem, viram do avesso.
As
melhores amigas são muito diferentes de nós, e entre si também.
Há
uma dor que as Amigas nunca têm, é no cotovelo, porque Amiga nunca tem inveja
de nada em nós.Amigas interessam-se. E cuidam. Sempre.
Não
importa que as Amigas estejam longe muito tempo porque, quando chegam perto,
são a negação do próprio tempo.
Mesmo
assim ele passa, e é quando deixam de pedir café e optam pela tisana ou pela
água que descobrem, juntas e estupefactas, quão pouco mudaram, e como as
grandes questões das suas vidas, toscamente “descascadas” anos antes,
permanecem quase inalteradas. Voltam repetidamente as elas, acompanhando a
tisana ou a água, mas sem pressas, sem pinças e sem luvas.
E
falam, falam, falam, cavalgando as horas; e riem, choram, concordam, discordam,
contradizem, viram do avesso.
A
vida, na sua muito própria sabedoria − que por vezes não descarta a injustiça,
não anda por aí a distribuir Amigas ao desbarato. Nem outras Graças.
Para
as conceder exige atenção, porque, como muito bem percebeu o Vinícius −
Amigo(a) a gente não faz, Amigo(a) a
gente reconhece.