São pequenas histórias, todas verídicas, segundo o autor,
que assentam, sobretudo, no acaso (tema que lhe é caro), narrando
acontecimentos bizarros e coincidências quase do outro mundo. São histórias que
em algum momento da vida podem acontecer a qualquer pessoa, que impressionam no
momento, mas depois esquecemos. Contudo, o escritor não esqueceu, e com elas
compôs um pequeno e delicioso livro.
Quando, nos dias que correm, entro numa livraria, tenho
frequentemente a sensação de que o mundo da edição, por aqui, é consumidor
regular de cogumelos alucinogénicos; outras vezes, penso que adoptaram o modelo
das fábricas de enchidos – entra porco e, logo, logo, sai salsicha.
Tantos livros, tantos autores, tanto colorido, tanto design
kitsch, tudo reduzido a picado daí a poucas semanas.
Não estranhei, por isso, não ter encontrado, nas buscas que
fiz na internet, “O Caderno Vermelho”,
livro publicado há já um bom par de anos, mesmo sendo este um país de leitores
fiéis de Paul Auster.
Apenas a livraria Bulhosa me diz: “Disponível entre 3 a 5
semanas (sujeito a confirmação) ”, pelo preço de 1,50 €.
Assim sendo, este é um daqueles livros que vale a pena
procurar na biblioteca pública. É tão pequeno que podemos ficar lá a lê-lo, e
sair daí por uma hora com sentimentos misturados de encantamento e espanto.
E ainda com um sorriso nos lábios.