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quarta-feira, março 06, 2013

Tarte sueca

Segundo o Público de ontem “A IKEA Portugal garantiu que não foram comercializados em Portugal os lotes de uma tarte de chocolate na qual as autoridades chinesas detectaram um nível excessivo de coliformes fecais.”

O fornecedor é sueco e eu nem me dou ao trabalho de ir ver o que são ao certo coliformes fecais, mas…não me cheira bem.

Os suecos e outros povos “avançados” do Norte trataram de infestar a Europa com regras alimentares que mandaram os nossos produtos para o desemprego e substituíram-nos por outros que não sabem a nada.

Nós por cá, bons alunos e bons polícias, mandámos a ASAE do bigode dizimar os restaurantes chineses e mostrar na televisão que eles não obedeciam às regras suecas.

Agora, o grande mercado chinês detecta coliformes fecais na tarte sueca.

Fecha-se, assim, o círculo, e se não fosse triste eu podia até rir-me deste capitalismo global, modernaço, hipócrita e ganancioso, bem representado no meu imaginário, não por uma tarte, mas por um enorme …vá lá, coliforme fecal.

quarta-feira, julho 13, 2011

Um país às avessas

Eu nem sou admiradora do pensamento do João César das Neves mas este artigo de opinião que publicou no dia 11 de Julho no DN, e que transcrevo, tem muito de verdadeiro e mostra bem um país às avessas

Há dias um pobre pediu-me esmola. Depois, encorajado pela minha generosidade e esperançoso na minha gravata, perguntou se eu fazia o favor de entregar uma carta ao senhor ministro. Perguntei-lhe qual ministro e ele, depois de pensar um pouco, acabou por dizer que era ao ministro que o andava a ajudar. O texto é este:
"Senhor ministro, queria pedir-lhe uma grande ajuda: veja lá se deixa de me ajudar. Não me conhece, mas tenho 72 anos, fui pobre e trabalhei toda a vida. Vivia até há uns meses num lar com a minha magra reforma. Tudo ia quase bem, até o senhor me querer ajudar.
Há dois anos vierem uns inspectores ao lar. Disseram que eram de uma coisa chamada Azai. Não sei o que seja. O que sei é que destruíram a marmelada oferecida pelos vizinhos e levaram frangos e doces dados como esmola. Até os pastelinhos da senhora Francisca, de que eu gostava tanto, foram deitados fora. Falei com um deles, e ele disse-me que tudo era para nosso bem, porque aqueles produtos, que não estavam devidamente embalados, etiquetados e refrigerados, podiam criar graves problemas sanitários e alimentares. Não percebi nada e perguntei-lhe se achava bem roubar a comida dos pobres. Ele ficou calado e acabou por dizer que seguia ordens. Fiquei então a saber que a culpa era sua e decidi escrever-lhe. Nessa noite todos nós ali passámos fome, felizmente sem problemas sanitários e alimentares graves.
Ah! É verdade. Os tais fiscais exigiram obras caras na cozinha e noutros locais. O senhor director falou em fechar tudo e pôr-nos na rua, mas lá conseguiu uns dinheiritos e tudo voltou ao normal. Como os inspectores não regressaram e os vizinhos continuaram a dar-nos marmelada, frangos e até, de vez em quando, os belos pastéis da tia Francisca, esqueci-me de lhe escrever. Até há seis meses, quando destruíram tudo.
Estes não eram da Azai. Como lhe queria escrever, procurei saber tudo certinho. Disseram-me que vinham do Instituto da Segurança Social. Descobriram que estava tudo mal no lar. O gabinete da direcção tinha menos de 12 m2 e na instalação sanitária do refeitório faltava a bancada com dois lavatórios apoiados sobre poleias e sanita com apoios laterais. Os homens andaram com fitas métricas em todas as janelas e portas e abanaram a cabeça muitas vezes. Havia também um problema qualquer com o sabonete, que devia ser líquido