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segunda-feira, março 04, 2013

Há sempre alguém que resiste



Esta mania do “quantos mil eram” serve a quem, e para quê?
Temos, por acaso, todos alma de contabilistas?
No sábado éramos muitos, muitos milhares; quem lá esteve sabe. Quem esteve de outras vezes sabe ainda melhor.
Eu sei, e tenho a certeza que o governo também sabe. Isso me basta.

Estávamos, sem dúvida, mais tristes, mais velhos, mais silenciosos, mas ainda vivos.

Éramos os milhares que nunca têm compromisso inadiáveis em dia de manifestação.
Os que não perguntam para que serve uma manifestação, que é a pergunta mais idiota que conheço.
Os que nunca sentem que não serviu para nada só porque o governo não caiu logo no dia seguinte.
Os que, porém, têm a certeza de que ajudaram a abrir o buraco em que ele vai tropeçar.
Os que não são assaltados por dúvidas existenciais sobre a legitimidade de querer derrubar um governo eleito, mesmo se esse governo enganou os eleitores e governa contra eles.
Os que não se deixam ir para o matadouro sem um balido.
Os que resistem ao medo e ao comodismo.

Éramos, tão só, aqueles anónimos em que o poeta seguramente pensava quando, há muitos anos, escreveu:
“…há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz NÃO”.
E somos muitíssimos.

 
 

 

quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Pipocas há muitas




Nas redes sociais, e com a aproximação da manifestação de 2 de Março, começou a aparecer e a dar nas vistas uma boa dose de snobeira.

Pessoas que se julgam de esquerda, e inteligentes, e cultas, gozam com os textos de apoio à manifestação dizendo que são maus (uns são, outros não), e acham que andar por aí a cantarolar a Grândola é uma “possidonice”.

Eles acham que são de esquerda, mas eu acho que não são – na sua acidez e humor corrosivos mostram como detestam o povo, ou seja, os mais simples. Na sua falta de paciência ou tolerância para quem não tem os seus padrões de qualidade mostram que, no fundo, haver povo é uma chatice, desfeia o país.

São a versão intelectual da triste figura da Pipoca mais Doce.