O PCP está a
comemorar o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, e faz muito bem. Além de
ter sido seu líder, Cunhal foi uma figura incontornável do século XX português.
Entre várias
efemérides, contou-se, ontem, um comício no Campo Pequeno, em Lisboa,
antecedido dum desfile.
Mas não foi
um desfile comum. Veja-se aqui como foi programado:
O comício tem início marcado para as
15 horas, mas as celebrações começam antes, nas ruas em redor do Campo Pequeno.
Às 13h45 arrancam para o local do comício quatro
desfiles, que prometem dar a estas comemorações uma vibrante expressão de rua: quem venha dos distritos
de Lisboa, Leiria e Santarém concentra-se em Entrecampos; os oriundos
dos concelhos da Península de Setúbal partem da Avenida de Berna, junto à
Fundação Calouste Gulbenkian; os que venham de Évora, Beja, Portalegre e
Litoral Alentejano iniciam a marcha na Avenida de Roma; e a JCP começa a
desfilar na Praça Duque de Saldanha. A chegada dos
desfiles ao Campo Pequeno será, seguramente, um momento particularmente
emocionante.
Segundo uma
das televisões, o objectivo era fazer uma estrela.
Deve ter
sido bonita de ver, a coreografia. Mas de helicóptero, claro.
Os
comunistas sempre me garantiram que Cunhal tinha horror ao culto da personalidade,
e que lhe dava um combate sem tréguas.
Posso até
acreditar nisso, mas fica óbvio que não só perdeu essa batalha em vida, como
continua a perdê-la depois de morto.
Ter-lhe-ia
sido mais fácil se não tivesse uma presença tão magnética.
E sexy, já
agora.
Nota: Foto
de Rui Ochôa, retirada daqui