terça-feira, junho 11, 2013

Estamos vivos

O fim de semana grande decorreu sem sobressaltos.

Continuou o tempo cinzento com chuviscos, Passos foi assobiado em Elvas, Aníbal aconselhou-nos a fazer desporto, Maduro disse mais umas parvoíces convencido que tem graça, e a Teresa Tarouca foi condecorada, provando-se assim que na casca dos fósseis também é possível pôr comendas.

Fartinha de tanto humor negro, também eu tranquei portas e janelas, desliguei a internet e fui para Serralves.

Encontrei lá muitos milhares, que era dia de festa, e pareceu-me que estávamos todos em busca duma normalidade perdida há demasiado tempo; o mesmo se passou depois na Feira do Livro de Lisboa, alameda acima alameda abaixo, milhares e milhares, todos com cara de quem pensou: queremos as nossas vidas!

Desejosa que estava de ver as exposições de Serralves, confesso que saí um bocadinho desiludida.
− Alberto Carneiro, ainda que mal lhe pergunte, tantos espelhos é para quê? E não lhe parece que anda a ver a natureza demasiado barroca?

Quanto aos desenhos de Jorge Martins, que os há magníficos, pareceu-me que talvez o artista tivesse tido necessidade de despejar o ateliê para pintar as paredes, e aproveitasse, para isso, a exposição de Serralves, com a conivência da curadora, claro está.
Eram centenas de desenhos. Por serem tantos, poluíam o espaço, não nos deixando margem para fruir. Uma pena.

Na Feira do Livro de Lisboa fiz o que sempre faço − comprei clássicos a menos de 5 euro, e gosto disso.
Entre Serralves e a Alameda do Parque pareceu-me que ainda estamos vivos.
E também gosto disso.

Do morto-vivo que falou de agricultura no 10 de Junho é que não gosto, nem vale a pena falar.



 

4 comentários:

  1. Há um ano não faltei em Serralves , mas escusado será dizer que não vi obras de ninguém, porque a ideia era levar o pirralhito a divertir-se.
    Fico feliz que tenha levado algumas boas recordações.
    Quanto ao resto, o que dizer?

    beijos, amiga

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  2. Serralves é uma demonstração de que se pode fazer uma romaria sem ser pimba!
    Mas é "pim" - fui lá , pim, porque é culto; tocam lá, pim,as maiores revelações musicais do ano, que, pim, mais valiam, ficar anónimas; corre-se as galerias, pim, como os corredores de um shopping; comem-se umas bifanas psicológicas, pim; morte aos eletro-improvisos, pim; abaixo os subsidiados das fundações, pim! os pais carregam minhocas, pim, impingidas aos filhos, pim!
    Que saudades do pim, pam, pum, esse sim culto, variado e facultativo!

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    1. Esta é a visão de alguém que vive próximo. Eu sou alentejana e raramente lá vou. Não posso, por isso, comentar, até porque, devido ao tempo que estava no sábado, nada vi da "festa". Só vi as exposições, que queria mesmo ver, e escrevi sobre isso, mas já lá vi muito melhor.
      Sabe que mais, não sei se tenho saudades do Pim, Pam, Pum, mas se calhar tenho saudades, não desse tempo, mas de ser menina.

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  3. também compro clássicos baratos na feira do livro.

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