segunda-feira, março 04, 2013

Há sempre alguém que resiste



Esta mania do “quantos mil eram” serve a quem, e para quê?
Temos, por acaso, todos alma de contabilistas?
No sábado éramos muitos, muitos milhares; quem lá esteve sabe. Quem esteve de outras vezes sabe ainda melhor.
Eu sei, e tenho a certeza que o governo também sabe. Isso me basta.

Estávamos, sem dúvida, mais tristes, mais velhos, mais silenciosos, mas ainda vivos.

Éramos os milhares que nunca têm compromisso inadiáveis em dia de manifestação.
Os que não perguntam para que serve uma manifestação, que é a pergunta mais idiota que conheço.
Os que nunca sentem que não serviu para nada só porque o governo não caiu logo no dia seguinte.
Os que, porém, têm a certeza de que ajudaram a abrir o buraco em que ele vai tropeçar.
Os que não são assaltados por dúvidas existenciais sobre a legitimidade de querer derrubar um governo eleito, mesmo se esse governo enganou os eleitores e governa contra eles.
Os que não se deixam ir para o matadouro sem um balido.
Os que resistem ao medo e ao comodismo.

Éramos, tão só, aqueles anónimos em que o poeta seguramente pensava quando, há muitos anos, escreveu:
“…há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz NÃO”.
E somos muitíssimos.

 
 

 

1 comentário:

  1. Muitíssimos e de parabéns por não desistirem!
    bjis, querida amiga

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