segunda-feira, novembro 26, 2012

Da conservação dos dinossauros

Não, não é em formol que se conservam.
É através do uso de leis moldadas em redes de pesca.

A Comissão Nacional de Eleições decidiu, finalmente, que a limitação de mandatos dos autarcas, expressa na lei, se refere ao território e não à função. Assim, Menezes vai para o Porto, Rui Rio pode ir para Gaia se lhe apetecer, Mário de Almeida pode ir para Viseu, Fernando Ruas para Vila do Conde, e assim sempre pelo país afora.

Por mim, de facto, até podiam ir todos para um sítio que eu cá sei, a povoá-lo de rotundas e fontanários, mas mais uma vez se confirma que o legislador português de hoje é mestre na redacção de leis pouco claras, se não mesmo obtusas, que acabam por servir não menos obtusos propósitos.

Paulo Rangel, redactor da lei de limitação de mandatos autárquicos, vai afirmando, com boca pequenina, que não foi esse o espírito com que a escreveu.
Ora, espírito é coisa etérea, e as leis devem ser bem terra-a-terra, acho eu. Não o sendo, deixam a porta aberta para o que der e vier, vai-se-lhe o espírito e a letra e, neste caso, segue o baile com a muito popular dança das cadeiras.

With a little help from Paulo Rangel, que assim alcança o merecido estatuto de grande engenheiro da conservação de dinossauros sem formol.

3 comentários:

  1. Estava eu a ler o seu texto, quando me veio à cabeça a frase com que inicia o seu 3º parágrafo. Sorri.:)
    beijinhos

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  2. Era mesmo muito bom que fossem castigados nas urnas.

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