quarta-feira, julho 18, 2012

Januário, o incendiário

Quem me lê sabe que não sou católica, nem sequer crente; sabe também como sou muito crítica deste governo, dos seus ministro e da sua política. Porém, também não gosto nadinha de ouvir D. Januário Torgal Ferreira considerar que o Governo liderado por Passos Coelho é “profundamente corrupto”.(aqui)

D. Januário é cidadão deste país, e terá as suas opiniões, mas quando abre a boca, queira ou não, é sempre bispo, é a Igreja que fala, e eu gosto da Igreja a tratar dos assuntos divinos.
A política e, sobretudo, a avaliação dos políticos, está claramente fora do seu âmbito de acção.

Haverá muita gente a bater palmas, a aplicar adjetivos como corajoso ou desassombrado, mas quem o faz esquece-se que está a abrir a porta para tolerar que a Igreja se meta em muitos outros aspectos da vida secular, nos quais, pessoalmente, não admito que se meta – caso do aborto, do uso do preservativo, ou dos apelos feitos do púlpito para votar no partido A ou no partido B.

O desbragamento oratório do senhor bispo é, quanto a mim, intolerável; viveremos sempre muito melhor continuando com a sólida separação entre a Igreja e o Estado.
Ou, mais prosaicamente, cada macaco em seu galho.

Trate das almas, D. Januário, ajude os pobres, cumprindo a vocação assistencialista da Igreja, mas deixe a política, os políticos, as leis e a vida privada connosco.

4 comentários:

  1. Totalmente de acordo!
    Rute

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  2. Concordo!
    Embora católica, o meu respeito pela igreja há muito que se foi.
    bji gde

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  3. Desta vez vou discordar de ti.
    Também sou agnóstico e acho que este Bispo tem cumprido a sua função assistencialista e a de cidadão empenhado!
    Já no anterior governo fez ouvir a sua voz avisada.

    Beijinhos.

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    1. Podes até ter razão mas eu acho que:
      1ª Um bispo não fala como um carroceiro.
      2ª Se abrimos as portas à Igreja para falar de política, temos que as abrir para falar também do que não lhe diz respeito. E D. Januário É IGREJA, sempre. Abraço

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