sexta-feira, junho 01, 2012

Cosmópolis

Li, há poucos meses, a novela Cosmopólis, de Don DeLillo, sem fazer a menor ideia de que, com base nela, Cronenberg estava a fazer um filme; porém, agora que o filme chegou, não fico espantada.

Quando percebi que Cosmópolis foi escrita em 2000, antes da queda das torres de Nova Iorque e muito antes da crise financeira global – dois marcos importantes da contemporaneidade - impressionou-me a capacidade visionária de Don Delillo sobre a nossa sociedade e o desastre anunciado.

Não é um livro macio ou afável, antes um livro que incomoda mas também fascina. A um ritmo alucinante, a escrita leva-nos numa cavalgada demente por Manhattan, na pele dum jovem milionário que a atravessa dentro duma limusina.

O retrato quase grotesco do dia de Eric Packer numa cidade de que a loucura se apossou, fascina e ofende, provoca sorrisos de ironia e arrepios de medo.
Excesso, poder, ganância, desconstrução e apocalipse social, tecnologia, individualismo e efemeridade são manejados por DeLillo com enorme mestria neste livro.

Não posso estar mais de acordo com Salman Rushdie quando ele diz que DeLillo é o “poeta da nossa desumanização”.
Um livro que se recomenda (muito) para ler, e agora um filme que estou mortinha por ver.


Cosmópolis
Don DeLillo
Relógio d’Água, 2003


3 comentários:

  1. Não conheço o filme nem o livro. Agora que tenho as noites por minha conta vou ter muito tempo para me deliciar com a leitura.:)
    Tive em mente os Versículos de Salman Rushdie, mas nunca os li. Chegou a lê-los? Vale a pena?:)
    beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Li vários livros do Rushdie mas não esse.
      Entre os que li, recomendava "Os Filhos da Meia-Noite", livro que, de facto, o lançou. Beijinho

      Eliminar
  2. Há coisas pelas quais somos surpreendidos... e depois ficamos grudados nelas!
    Aguardemos então pelo filme.
    Beijinhos,

    ResponderEliminar