Tentando separar factos de interpretação e de teorias da
conspiração, apurei que, na verdade, António Borges ganhou, em 2011, enquanto
esteve ao serviço do FMI, 225 mil euros livres de impostos.
Não tenho nada contra quem ganha bem; costumo até advogar
que políticos e polícias, por exemplo, deviam ser bem pagos para serem menos
permeáveis às tentações.
Acontece que, trabalhar para alguns organismos
internacionais transforma as pessoas numa espécie de deuses que não se regem
pelas regras dos outros mortais e, por isso, estão isentos de imposto - caso de
Borges e Lagarde.
Acresce a isto que a arrogância que o poder do lugar lhes
traz os torna execráveis, deixando-lhes “o coração ao pé da boca”, livres para
dizerem tudo que lhes der na real gana.
Lagarde está-se nas tintas para as crianças gregas e Borges
acha indispensável baixar salários em Portugal.
Quem ganha 225 mil euros por ano não faz a menor ideia do
que seja viver o mesmo período de tempo com 6 ou 7 mil euros, mas também não
quer saber, não pára para pensar, não quer imaginar, não quer pôr-se no lugar
de, e muito menos quer saber se as suas palavras ofendem os mais fracos do seu
país.
Por mim, também não quero saber se Borges é competente. Sobre
isso há muitas dúvidas, e há até quem diga e escreva que foi despedido do FMI por
incompetência. Além disso, a competência pela competência não me interessa
nada; o que me interessa é a ideologia que o competente vai pôr em prática.
Também não quero discutir as suas ligações à máfia do
Goldman Sachs, mas essas ligações deixam-me muito intranquila quando sei que
tem em mãos o dossiê das privatizações que vão deixar o meu país mais pobre e
permitem muitas negociatas.
Posso decidir enfiar a cabeça na areia e não querer saber de
nada disto, mas um sujeito de 63 anos que não tem, ao menos, pudor nas palavras
usadas, merece toda a minha desconfiança e antipatia.
A impiedade e sobranceria que estes tipos alardeiam... incomoda-me.
ResponderEliminarE utilizei o verbo incomodar para não ser excessivo, que era o que me apetecia ser!
Beijos,